Então vou dizer: a mesma visão de mundo que leva Mujica a apoiar a ditadura de Maduro na Venezuela (e, na prática, a ditadura cubana dos irmãos Castro) é aquela que leva-o agora a desculpar Suárez, o vil mordedor. O que está por trás de tal visão é o realismo (político ou futebolístico, tanto faz se apreende a política como arte da guerra ou o futebol como uma guerra sem mortes, como dizia George Orwell).
Quanto à Suárez, é vilania mesmo. Ele não apenas morde jogadores adversários (já fez isso pelo menos três vezes, que estão filmadas). Ele também falsificou uma partida tirando a bola do gol com a mão (e isso foi considerado normal por essa ética de bando que vigora no país-moral que chamam de América Latina).
E por falar em país-moral e na ética de bando, chama a atenção os argumentos da defesa dos advogados uruguaios apresentada à FIFA. Segundo eles a mordida não aconteceu (o que também revela uma cara de pau só possível para quem instrumentaliza tudo para vencer a qualquer custo). Sim, Suárez deveria ser punido por iniciativa dos próprios uruguaios mas, em vez disso, eles tentaram fazer um conluio com os cartolas sul-americanos justificando que "a região vê o futebol" de uma "outra forma".
AUGUSTO FRANCO
AUGUSTO FRANCO
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