"Se Deus não existe, tudo é
permitido."
Fiódor Dostoievski
Waldo Luís Viana*
Tudo
começa com a morte de Deus. Ela foi anunciada por Nietzsche, quando também
vaticinou, de lambuja, o falecimento da metafísica. Com essa manobra
filosófica, o sifilítico filósofo alemão alicerçou o fortalecimento de todas as
ideologias socialistas.
Principia
assim: quando o ateu se recusa a ter um Pai Celestial, procura avidamente um
pai na Terra. E que seja eterno enquanto dure, porque depois virá o nada. A
vida então torna-se triste, a não ser que ele possa amar um pai postiço na
política que lhe resolva todos os problemas. Tal dependência já foi apontada
pelo psiquiatra norte-americano Lyle Rossiter como uma espécie avançada de
doença mental.
Para o
esquerdista e a maioria dos ateus, o mundo só se estabiliza com a presença
onipotente do pai terreno, embora Freud, em delírio ateu, também aventasse a
hipótese de que, no alvorecer da humanidade, teria havido um parricídio
original. De onde ele retirou essa fantasmagoria positivamente não sei...
Sem
Deus, o poder está aqui e se estratifica num partido, porta-voz do pai que tem
que ser amado. A vida do esquerdista é um apostolado completo pelo partido e
por seu proprietário, substituto da entidade espiritual que precisa ser
cortejada a qualquer preço.
E a
prova de amor a ser dada é pelo partido e pelo poder. Os esquerdistas são
idólatras do poder, tomado como fim último. E com esse amor surge uma
burocracia submissa e orgulhosa que infelizmente envelhece até o declínio e a
morte. E como sofre o esquerdista ao ver seus ídolos amados – e de pés de barro
– morrerem...
Enquanto
vivo, o pai adorado pode fazer praticamente tudo. Não há freio nem peias para o
pai terreno. Foi assim com Hitler, Stálin, Mao Tsé, Pol Pot e Fidel – todos
genocidas e assassinos em nome de suas respectivas nações e povos.
Depois
que conquistam o poder, os esquerdistas querem permanecer nele para sempre,
como uma espécie de paraíso na Terra, cuja fruição torna-se necessária, porque
depois não haverá nada.
Todavia,
isso tem um custo axiológico. É preciso justificar aos olhos dos demais homens
o motivo. A razão pode ser o Estado-nação vitorioso, o proletariado, os pobres
ou qualquer outra superestrutura que
superficialmente valha a pena. No entanto, é tudo um engodo: a causa e o povo
são manobras conceituais para conquistar e manter o poder, em nome do pai.
Na
verdade, os comunistas odeiam negros, judeus, pobres e homossexuais, porque
esses grupos só servem de palco para as suas cavilações e formulações
estratégicas de poder. E sabe-se que os proletários, escopo do oportunismo
ditatorial desses regimes, inspirados em Marx e Engels, são considerados pouco
amadurecidos e precisam ser dirigidos pelos intelectuais ateus iluminados e
utopistas do partido.
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