Há uma cena no novo filme de Michael Moore, Capitalism: a love story, em que o gorducho diretor e protagonista estaciona um carro-forte em frente a um desses grandes bancos que receberam ajuda financeira do governo durante a crise e avisa que veio exigir a devolução do dinheiro dos pagadores de impostos (contribuintes) americanos.
Esta é a imagem que as pessoas têm do capitalismo ao redor do mundo, um sistema que privilegia as grandes corporações em detrimento de todo resto. Moore não está muito errado no seu diagnóstico a respeito do capitalismo praticado atualmente na maioria dos lugares. Seu erro está provavelmente na solução: sua receita é dar mais poder e dinheiro aos governos, algo análogo a tentar curar um viciado com doses maciças de droga.
Existem duas maneiras de um empreendedor tornar-se bem sucedido nos negócios. Na primeira, ele deve produzir bens ou serviços que atendam aos interesses do consumidor, gerando resultados desejáveis para a sociedade. Na outra, utiliza-se de meios políticos para obter do governo variadas vantagens para o seu negócio.
Com muita frequência, os maiores oponentes do sistema capitalista de livre mercado não são os socialistas empedernidos, como Michael Moore, que pouca gente leva a sério depois da queda do Muro de Berlim. Seus verdadeiros inimigos são líderes empresariais que, em público, não se cansam de enaltecer as virtudes da competitividade e do liberalismo, enquanto tentam, por baixo dos panos, extinguí-las em seus próprios benefícios, principalmente através do favorecimento contínuo da intervenção estatal na economia. Eles sabem que os governos costumam ser muito mais eficientes na hora de atender aos reclamos de lobbies bem organizados e articulados do que propriamente para gerir os dinheiros públicos no interesse geral.
JOÃO LUIZ MAUAD
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