domingo, 17 de agosto de 2014

CUIDADO COM MARINA




REINALDO AZEVEDONão tenho paciência, desculpem os encantados, com Marina! O reino que me interessa é deste mundo. E o que não é requer a intervenção de um Ser superior à líder da Rede, a quem não reconheço o papel de intercessora. Repudio o seu comportamento e o seu ar de vestal, como se ela fosse feita de um barro diferente daquele que faz os outros políticos. Não é. 

Eu não sei, por exemplo, e ninguém sabe, do que ela vive e quem sustenta o aparato — que não é pequeno! — que a acompanha. Há tanto tempo sem legenda, flanando por aí, a questão é pertinente. Fosse outro, o jornalismo investigativo já teria se ocupado de apurar. Como é Marina, não se toca no assunto. Imaginem se algum outro candidato à Presidência da República tivesse um banqueiro — ou uma banqueira… — pra chamar de seu. Ela tem. O que nos outros seria pecado é, em Marina, tratado como virtude.

A líder do tal Rede, já apontei aqui num post de maio de 2011, é a nossa vestal. Logo será carregada numa liteira. Constituiu-se, com o beneplácito de boa parte da imprensa babona, numa figura notavelmente autoritária da política. Como esquecer o seu comportamento durante a votação do Código Florestal? A nossa Entidade da Floresta — que só não faz milagre no Acre — sempre se negou a confrontar suas ideias com as de seus oponentes — preferindo ameaçar a Terra e o país com o apocalipse. Contou, para isso, com o apoio de ONGs fartamente financiadas por dinheiro vindo do exterior e de colunistas que não distinguiam e não distinguem um pé de feijão de erva daninha. Caso se dissesse a alguns deles que “o povo pede alho”, eles o mandariam comer bugalho…

Certa de que a “mídia” amiga seria eficiente em matar o novo Código Florestal, relatado então pelo agora ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Marina se limitou a dizer “não” ao texto. Como o debate avançou, apelou aos universitários. Aí, a até então omissa SBPC resolveu fazer o seu relatório recheado de elogios à agricultura brasileira (que remédio?), mas alertando para o apocalipse que viria se a proposta fosse aprovada. A iniciativa não vingou.

Como sabe ou pode saber o leitor, as vestais romanas, virgens sem mácula, eram encarregadas de manter aceso o fogo sagrado. Gozavam de grande prestígio. Os altos dignitários de Roma lhes confiavam segredos, e elas costumavam ser chamadas para dirimir conflitos e apaziguar dissensões. Excepcionalmente, podiam abandonar seu templo e desfilar pela cidade em sinal de protesto se considerassem que uma grave ameaça pesava sobre o Estado romano.

Foi o que fez Marina naquele 2011. As ONGs resolveram carregar a nossa vestal até o Palácio do Planalto para um encontro com o então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Ela reivindicava no tapetão o que não conseguira no debate político: o adiamento da votação do relatório. Aldo havia debatido o seu texto país afora. Marina preferiu fazer a cabeça dos ditos “formadores de opinião”. A democracia brasileira tem uma instância chamada Congresso. Ela preferiu os carregadores de liteira das ONGs ao Parlamento. É parte do que chama “nova política”. Não me serve.




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