terça-feira, 30 de outubro de 2012

MERVAL PEREIRA



Querer transformar em heróis os principais líderes condenados pelo mensalão tem o mesmo tom de farsa da afirmativa de que são “prisioneiros políticos condenados por um tribunal de exceção”. A defesa de José Dirceu tenta constranger os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) da mesma maneira que a de José Genoino tentou em vão durante o julgamento, confrontando-os com uma história de vida que teria “alto valor social” pela luta política desenvolvida tanto contra a ditadura militar quanto na democracia, com a fundação do Partido dos Trabalhadores.

Seria realmente patético se, em consequência dessa classificação esdrúxula de "perseguidos políticos", alguns deles pedissem asilo político a “democracias” como a Venezuela ou Cuba, capazes, sim, de compactuar com essa farsa que surge da tentativa de repetir a história. Ou Equador, como fez, desmascarando-se, Julian Assenge do Wikileaks.Cairiam no ridículo se tentassem pedir asilo a uma democracia verdadeira.

Como escreveu Karl Marx, autor que deveria ser conhecido da parte dos réus que tenta dar contornos políticos à roubalheira em que foram apanhados, a História se repete, “a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
Pois o ex-presidente do PT José Genoíno e o ex-ministro do Gabinete Civil, José Dirceu, tentam desde o início do julgamento do mensalão trazer para o presente o passado, que para muitos foi heroico, para tentar justificar os crimes que praticaram contra a democracia a favor da qual dizem ter lutado.
Nada indica que a Guerrilha do Araguaia promovida pelo PCdoB maoista pretendesse instalar no Brasil um governo democrático, nem que José Dirceu, do Molipo (Movimento de Libertação Popular) tenha ido para Cuba aprender democracia.

Mesmo sem entrar na análise dos eventuais méritos que tenham tido na sua luta política, esses “valores sociais” só fariam agravar a atuação dos dois no episódio em julgamento, pois estariam traindo seus “ideais democráticos” agindo contra a própria democracia.



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