Então fica combinado assim: ter lutado contra o regime militar, não importam a qualidade dessa luta e os meios empregados, não só dá direito à Bolsa Ditadura como também a uma espécie de “bônus” penal. Se esses novos varões de Plutarco se tornam corruptores e quadrilheiros, esse passado meritório deve ser levado em conta. É um acinte à inteligência e ao bom senso no mérito e, como diriam os ministros do Supremo, “na espécie”. Ademais, que história é essa de Dirceu pedir clemência a um tribunal que ele despreza? O nome disso é covardia!
REINALDO AZEVEDO
COMENTÁRIO
De que ditadura fala,
Se o traidor ainda está vivo?
Quanta absurdidade!
Excelente o texto de Gonçalves Dias,
Professor Reinaldo,
Parabéns!
Que sirva para a carapuça desse delinquente.
VIII
“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.
“Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!
“Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.
“Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde festas como asco e terror!
“Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E o oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.
“Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sé maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”
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