sábado, 11 de maio de 2013

FAUSTO AFIFF

 
 
Mas o mito de Fausto, além de qualquer especulação de ordem filosófica ou religiosa, sobrevive na nossa realidade cotidiana brasileira, revelando uma postura anti-ética recorrente. A lenda do homem que vende sua alma ao diabo é uma denúncia de todas as formas de desonestidade. Pelo “dando que se recebe”, praticado nos nossos dias, se realiza uma troca entre dois valores: o imediato e o individual que esmaga o futuro e o social. Vende sua alma ao diabo o político que se enriquece com o dinheiro público, que deveria ser destinado a escolas e postos de saúde; o banqueiro que, com sua pratica de agiotagem, se alimenta das lágrimas do endividado; o homem que não assume a paternidade; a mulher que não dá assistência a seus filhos; qualquer pessoa, enfim, que, cedendo a determinismos psicológicos, é levada a viver egoisticamente, praticando maldades contra seus semelhantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário