terça-feira, 10 de março de 2015

O DISCURSO DA PRESIDANTA



Waldo Luís Viana*



A vida é composta fundamentalmente de CHON, vale dizer, Carbono + Hidrogênio + Oxigênio + Nitrogênio. O resto é Dilma Rousseff. Ninguém aguenta mais as suas angustiadas e teatrais mentiras, atiradas como fezes na cara de espanto do povo brasileiro, como num simulacro de Brasil-colonia.

Que figura ridícula – e temos que suportá-la a catalogar infâmias, com aquele fingido jeito de atriz que gosta de enganar! E o prazer dela é realmente em que os palhaços estão todos na plateia. Tornamo-nos analfabetos e débeis mentais, facilmente envolvidos por um discurso blandicioso, o qual, de tão pífio e frívolo, nem o partido no governo com sua máquina conseguiu aplaudir, porque ficou na defensiva, assustado com a péssima e previsível repercussão.

Panelaços e outras manifestações irão se avolumar, entretanto, mostrando que essas reações não são de uma origem só, mas atravessarão como uma onda, assestando a Pátria de norte a sul, leste a oeste, sem cessar. Não adianta falarem que é terceiro turno, que é golpe, porque não se pode conter o que vem perfeitamente natural. Afinal, o povo enganado, vítima de estelionato, não quer mais aceitar o que vê com os próprios olhos marejados e a consciência ultrajada! Aliás, dizem por aí que confiança é como virgindade: perdeu, acabou...

Naturalmente, os que têm “boquinha sindical” e formam o tal exército bolivariano composto pelos estalinistas do MST, somados a haitianos, cubanos e os convocados venezuelanos de Maduro – serão a “tropa de choque eleita” contra a evidente consternação do povo brasileiro.

A nossa presidanta falou em crise internacional, semelhante ou pior que a de 1929! E as contas de luz, gás e gasolina mais altas, os impostos mais pesados, os apagões, o frete de nossos pobres caminhoneiros açulado pelo diesel pornográfico, os preços astronômicos nos supermercados – tudo isso atribuído aos recentes problemas climáticos do país! Coitados dos telespectadores!

Essa conduta, aliás amiúde no modo de ser petista, foi estudada nos anos 1940 pelos trabalhos pioneiros de Fritz Helder no campo da psicologia social. Ele constatou a necessidade que tem o ser humano de buscar explicações estáveis e previsíveis para os acontecimentos do mundo a seu redor, para que não fujam a certa capacidade explicativa de atribuição e causalidade. Assim, de acordo com a atribuição, muda-se a causalidade. Em outras palavras, o ator busca a melhor causa para atribuir, de acordo com a causa que deseja explicar. Se, por exemplo, alguém está com AIDS, se deseja livrar-se da culpa (atribuição) culpa alguém por lhe ter contaminado (causa observada ou observador).

Dentre os políticos, então, a teoria de atribuição de causalidade de Helder é utilizada largamente para se livrar da culpa pelos próprios desmandos. Isso se dá mesmo quando a natureza e a chamada ordem natural das coisas (causas) predomina, mesmo quando a vida supera o peso mentiroso das palavras. Em outros termos, os culpados jamais são eles (os políticos, os atores), mas os outros (os observadores, o povo eleitor e enganado), ou seja, nós, ou quaisquer outra causa que nos fuja ao controle e nos provoque a piedade ou o perdão...

Todos sabemos, mesmos os leigos, que o mundo produziu um sistema de pesos e contrapesos para resolver crises e conseguiu superar a depressão econômica de 2008. Qualquer um com uma televisãozinha viu os noticiários! O Brasil é que entrou em recessão, porque tudo foi sacrificado aqui para que a presidanta se reelegesse, tudo foi mascarado: desde o preço dos derivados de petróleo, como o superfaturamento de obras e o preço das obras faraônicas, cujos custos foram transformados em pacotes de bilhões propinas!

O governo do PT fez tudo para eleger sua candidata e mentiu para a população, agora nos trazendo a conta, como em restaurante de gente vagabunda, que não tem o preço pendurado na porta!

Assim, estamos num verdadeiro impasse: o processo do petrolão vai durar uns quatro anos, mediante honorários estratosféricos para grandes advogados, desdobrando-se, diante do país boquiaberto.

A presidanta pediu-nos paciência (não ousou falar em “sacrifícios”) e ela é feminista, quem haverá de contestá-la? Gostaria até de distinguir os leitores com algum alento sobre o que ouvi, mas não consigo. Falar sobre o resgate da classe média, de que muitos saíram da miséria e o blá-blá-blá petista, que ninguém mais aguenta, é preciso ter muita paciência mesmo. Muito maior do que aquela que a senhora Anti-Chon nos desejou...

A conta da reeleição da presidanta é caríssima e demorará dois anos a ser paga, tirando as Olimpíadas, é claro!, a não ser para os que tem garantia em seus contracheques e holerites, alguns evidentemente generosos. Esses sempre colocam suas mãos estendidas em conciliação. Até que sejam perseguidos também, pelos exércitos que estão sendo montados pelos famosos “movimentos sociais”. Quando eles detiverem as contas de soldados e juízes, vocês verão o que nos restará?

Evidentemente, quem jamais abriu um livro de história não sabe o que vem por aí. Na cabeça dessas pessoas, a história é um folhetim no estilo novela da Rede Globo. Não tem causa, nem previsibilidade.

Quanto à presidanta, ela tem as razões dela. A culpa por tudo é da recessão internacional e do clima. O seu discurso faz parte de um novo composto químico: a cara de pau + desfaçatez + institucionalização da mentira. Quem sabe o nosso premio Nobel de química? Será nosso primeiro e com todo o merecimento...

Mas não ligue – pobre povo brasileiro –, tudo vai ficar legal novamente. Afinal de contas, vocês têm ou não têm medo de ser felizes? Lembram-se?

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*Waldo Luís Viana é escritor, economista e poeta. Tô vendo tudo, mas ainda não fiquei mudo...

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