quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ética do Intelectual Brasileiro. Ou: Como Tornar-se uma Pessoa Maravilhosa, publicado em seu livro de 1996, O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras



OLAVO DE CARVALHO
CARACTERÍSTICAS DO INTELECTUAL ESQUERDISTA - ALIÁS, ESTAS SAO AS QUALIDADES DE QUALQUER PROFESSOR DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS:

- Não ter idéias próprias - o legítimo representante da intelligentisia brasileira está sempre acompanhando o rebanho; jamais se atreve a dele se desviar um milímetro sequer e a trilhar um caminho próprio. Seu principal compromisso, acima de tudo, é com a própria grei, o partido ou o sindicato, também agrupados sob a denominação comum de pessoas maravilhosas. Ele coloca as afinidades político-ideológicas e pessoais de amizade ou geração acima da verdade. Para tanto, converte-se em simples repetidor de slogans, incapaz de elaborar um pensamento original, por menor que seja, sobre qualquer assunto. Sua meta primordial, sua razão de viver, é jamais destoar do que pensa o "coletivo".


- Ser contra o capitalismo e os EUA (não importa quem estiver no poder). O típico intelectual brasileiro é devoto da religião antiamericana, embora alguns não aceitem ser chamados de antiamericanos (são capazes até de ficar indignados). Deseja ardentemente ver os EUA na sarjeta, e adoraria ver o lugar da pátria de Thomas Jefferson como maior potência mundial tomado pela China, assim como até há pouco esperava que esse posto fosse ocupado pela finada União Soviética. No máximo, alegra-se pela eleição do Obama porque ele é negão e sua vitória foi uma "vitória contra o racismo" etc., tomando o cuidado de rotular de racista e nazista qualquer um que tiver a ousadia de fazer perguntas inconvenientes sobre o atual presidente norte-americano (ou "estadunidense", como prefere dizer). Se obrigado a falar sobre coisas como direitos humanos, enche-se de indignação contra as ações dos EUA na guerra contra os terroristas islamitas da Al-Qaeda, como o waterboarding de prisioneiros, ao mesmo tempo em que acha um exagero típico da Guerra Fria pedir democracia em Cuba e chamar Fidel Castro de ditador, por exemplo.


Acima de tudo, o intelectual brasileiro por excelência é de esquerda. Sendo assim, ele acredita piamente que tudo que não for de esquerda só pode ser a encarnação do tinhoso. Mesmo sem ter a menor idéia de quem foram Edmund Burke, Friedrich Hayek, Ludwig Von Mises, Ortega y Gasset e Milton Friedman, ele está sempre disposto a satanizar autores liberais e de direita. Geralmente filiado ou simpatizante do PT ou do PSOL, ele gosta de se queixar da "mídia" (geralmente acrescida dos adjetivos "burguesa" ou "conservadora"), a ponto de acreditar que os tucanos e a VEJA são de direita... Se perguntado o que ele é, ele dirá socialista ou anarquista, ou então "pós-moderno" e até mesmo "niilista". Mas jamais (jamais mesmo!) liberal ou conservado, termos que, para ele, têm quase o mesmo significado de "fascista" - aliás, ele usa e abusa dessa expressão, "fascista", empregando-a sempre para desqualificar quem dele discorda.


- Sendo de esquerda, o autêntico exemplar da classe intelectual no Brasil é, claro, um "progressista". Ele é, portanto, a favor da legalização do aborto e do casamento gay, assim como da legalização das drogas - mas é visceralmente contra o cigarro e o álcool, porque afinal são "indústrias". Sempre em sintonia com a opinião da maioria de sua espécie, ele não vê problema algum em se dizer pró-democracia e defender, ao mesmo tempo, o fim da liberdade de expressão (sobretudo religiosa), mediante uma lei que, se aprovada, irá instituir o delito de opinião, encarando-a como um "avanço na luta pelos direitos civis" dos homossexuais, que serão colocados, assim, num pedestal acima dos demais cidadãos, sujeitos a irem parar na cadeia por citarem a Bíblia ou por uma piada de bar considerada "homofóbica". Além disso, é um inimigo ferrenho do racismo, tanto que defende a sua institucionalização mediante um sistema de cotas e um tribunal de pureza racial inspirado na África do Sul da época do apartheid (detalhe: em um país de mestiços). Também é um pacifista e um humanista, pois é um defensor ardoroso da idéia de desarmar a população mediante a proibição do acesso a armas de fogo adquiridas e registradas legalmente - embora não mostre o mesmo ardor em relação à idéia de reprimir o crime organizado e colocar os bandidos atrás das grades (afinal, a polícia é uma instituição reacionária e fascista...).

O típico intelectual brasileiro sofre de carência afetiva e de necessidade de aprovação. Eu não padeço desse mal, e não me importo de ser impopular. Acho, aliás, que a impopularidade é quase um dever de quem busca a verdade.



O típico intelectual brasileiro está comprometido, acima de tudo, com os de sua grei. Meu único compromisso é com minha consciência.



O típico intelectual brasileiro ama o povo. Eu não. E acho que o povo tem mais é que ser educado para sair do estado semi-bárbaro em que se encontra.



Não é só o povo que precisa de um banho de civilização. Os intelequituais também. De civilização e de vergonha na cara.

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