domingo, 19 de junho de 2011



Quanto mais infantilizados sejamos, mais intensamente usamos de tais mecanismos que, como disse, ocorrem em profusão nos fenômenos coletivos, tal como no “messianismo”.


Concretamente, o messianismo se mostra através presenças carismáticas, anunciadoras de “boas novas” radicais e redentoras da humanidade. O nazi-fascismo e o marxismo-leninismo com seus grandes líderes Hitler, Stálin, Lênin, Mao, são exemplos que nos estão próximos. Uns pretenderam promover a redenção e limpeza racial da humanidade, enquanto outros ensejaram a redenção social, eliminando a propriedade privada, colocada como o “pecado original”, razão de nossa expulsão do paraíso.


 Tais lideranças sempre se caracterizaram pela crueldade e desprezo pelo ser humano como indivíduo e pela devoção cega à “causa redentora” e grandiosa. Foram sempre pessoas com reduzida autoestima e para as quais era vital a submissão e o endeusamento vindo das massas e das “militâncias”. Estas, sempre foram constituídas de indivíduos basicamente perturbados, arregimentados sobretudo após acontecimentos que aniquilaram a autoestima coletiva, tal como guerras perdidas e penúria coletiva.


Na medida que a militância das causas messiânicas atrai pessoas com ego empobrecido, reduzida autoestima e sentimento de insignificância, tais grupos se nutrem da “grandeza” da causa e do “grande líder”, bem como do sentimento de poder que passam a vivenciar coletivamente e que buscam a qualquer preço. Para que tudo isso funcione, é sempre necessário a criação de um “inimigo” e depositário do mal, o qual pode ser “o judeu”, “a burguesia”: são os depositários das projeções daquilo que a pessoa vivencia como ruim dentro de si.

Assim, o diabo ajunta em seu caldeirão atores, personagens e sentimentos que se alimentam reciprocamente, que são “cozidos” pelo gozo do Poder e temperados pela “grandiosidade da causa” e do líder. Daí resulta um “bolo simbiótico” perfeito: “messias prometidos”, fusionados com suas militâncias, os camisas pardas, que se complementam na busca do sentimento de poder. O de cima se alimenta com o endeusamento da massa, e esta “comunga” da grandiosidade da causa e do Líder. Daí ser o “culto da personalidade” uma constante nessa relação que, felizmente, tem sempre um fim e não deixa rastros de saudades.

Esta, caro leitor, é a dinâmica que pavimentou os grandes crimes contra a humanidade, no século passado, com milhões de vítimas e crueldade extrema. Mas afinal, o que mesmo que isso tem a ver com nossa sociedade, com nosso Brasil de hoje?



VALFRIDO MEDEIROS CHAVES

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