quarta-feira, 1 de maio de 2013

O sistema miojo de ensino



Um aluno do ensino médio no Brasil incluiu recentemente em sua redação do Exame Nacional do Ensino Médio uma receita de macarrão instantâneo. Note-se que o tema da redação era Imigração no Brasil. Entretanto, cansado de "pensar" e de escrever sobre os retirantes, o candidato resolveu, no penúltimo parágrafo, introduzir, como plus, a fórmula científica da preparação de um macarrão.



O candidato alegou que inseriu o parágrafo sobre o miojo "para testar o novo sistema de avaliação do ENEM". Parabéns. Ele conseguiu conquistar 560 dos mil pontos possíveis. E, surpreendentemente, o texto foi avaliado como "adequado" pelos avaliadores. Os analistas acharam que o texto tinha conteúdo e que não precisava ser submetido a um 3º avaliador.



Este caso lembra o episódio do padeiro paraibano Severino da Silva, de 27 anos, que, em 2001, passou no vestibular do Curso de Direito de uma universidade carioca. Apesar de não se sentir bem na hora da prova e nem ter escrito a redação, Severino foi selecionado. E de forma espetacular: ele ficou no 9º lugar geral, com 2.562 pontos.



Caso semelhante aconteceu na cidade de Ribeirão, em Pernambuco, em 2010, onde um candidato analfabeto foi aprovado em concurso público para a prefeitura. Ele ficou em 44º lugar entre 70 candidatos.



Não bastasse isso, é importante acrescentar que, além dos analfabetos totais, o Brasil possui um total de 30 milhões de analfabetos funcionais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os analfabetos funcionais são todas aquelas pessoas que têm 15 anos ou mais de idade e que não possuem sequer quatro anos completos de estudo. Tem , portanto, uma enorme dificuldade para ler e escrever, mas, sobretudo, uma grave incapacidade para compreender o sentido de um texto ou de uma fala.



Esse é, enfim, o retrato do Brasil, em pleno início do século XX, nação que possui mais televisões do que geladeiras, ostenta o índice de dois celulares por pessoa, está completamente imersa na mania dofacebook, lê quase quatro livros por ano, idolatra os músicos do lekleklek e considera os personagens do BBB como verdadeiros intelectuais.

Artigo de Leandro Marshall para o Jornal da Ciência










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