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José Maria e SIlva
Mais do que uma profissão de fé política, ser de esquerda é uma cultura. Enquanto o político comum trafega no terreno das contingências, acudindo necessidades, o político de esquerda se move no horizonte da utopia, aguçando desejos. Ser de esquerda é mais do que empunhar uma bandeira, militar num partido ou participar de um movimento é, sobretudo, um estado de espírito, que oferece ao indivíduo uma reconfortante comunhão com a humanidade, substituindo a comunhão com Deus que os crentes buscam na religião.
Ser de esquerda tornou-se sinônimo de luta por justiça social, pela preservação do meio ambiente e em defesa das minorias. Por isso, ninguém quer ser de direita no Brasil e o campo da esquerda no espectro político está congestionado, abrigando as mais díspares figuras, que vão do líder sindical ao professor universitário, passando pelo estudante de passeata e o socialista de salão. É essa esquerda para proletário ver, que desconhece contracheque e cartão de ponto e abriga até milionários, que o economista Rodrigo Constantino resolveu combater em Esquerda Caviar, seu mais novo livro, que acaba de ser lançado pela Editora Record.
Nas 434 páginas da obra, o autor examina diversas situações protagonizadas pelo que chama de esquerda caviar e observa que a expressão tem origem na França (gauche caviar) e equivalentes na Inglaterra (socialista champagne), Estados Unidos (liberal limusine) e Itália (radical chic). Os artistas e os intelectuais se tornaram os grandes ícones desse movimento. Todas as causas vistas como nobres são abraçadas por essa turma, que parece infinitamente mais preocupada com os aplausos da plateia e a própria sensação de superioridade moral do que com os resultados concretos daquilo que prega, escreve Rodrigo Constantino.
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