A ideologia de gênero é uma ideologia feminista. Uma ideologia radical que se fosse imposta destruiria o ser humano em seu núcleo mais íntimo e simultaneamente acabaria com a sociedade. Sua pretensão é a de abarcar todos os aspectos da vida pessoal e social.
É uma nova antropologia que pretende criar um novo ser humano. Poucos são os que compreendem a origem, o significado e o perigo de tal ideologia. O perigo do jogo de palavras, que não é inocente, faz parte de um engenhoso plano tático de infiltração ideológica.
Não devemos falar de gênero quando nos referimos a pessoas, mas simplesmente de sexo. Gênero é um conceito ideológico que tenta anular as diferenças e aptidões naturais de cada sexo.
Esta ideologia exige como pressuposto duas negações: 1) não existe natureza humana e 2) os aspectos biológicos do sexo não podem condicionar o ser humano. A população se divide em homens e mulheres, não em homossexuais e heterossexuais. Esta última classificação é perigosa, pois tende a colocar no mesmo nível uma anormalidade (a homossexualidade) e a normalidade sexual, como se tudo fosse mera questão de legítima opção. Portanto, apenas através do gênero um novo ser humano poderia ser “construído”, diferente daquele que habitou este planeta até o momento, ainda que mantenham os corpos de mulher e de homem. Essa nova pessoa, por sua vez, é a que “construiria” uma nova sociedade, onde homens e mulheres dividiriam a vida pública e a vida privada em partes idênticas (de acordo com a versão moderada) ou os homens seriam submissos às mulheres (conforme a vertente radical do feminismo).
Devo confessar ao leitor que não sou “heterossexual”. Sou apenas homem, sem nenhum acréscimo.
(Jorge Scala)
O erro fundamental da ideologia de gênero é a negação da natureza humana em matéria sexual. Não há, segundo tais ideólogos, um homem natural nem uma mulher natural. Masculinidade e feminilidade são meras construções sociais, que podem (ou devem) ser desconstruídas. O casamento entre um só homem e uma só mulher (heterossexualidade obrigatória) é visto não como a união natural entre dois seres complementares e fecundos, mas como mera convenção da sociedade. A família é uma instituição a ser abolida e passa a designar qualquer aglomerado de pessoas (no futuro, também animais?), com qualquer tipo de comportamento sexual (incluindo pedofilia?), orientado ou não à procriação. A vida passa a ser o produto do encontro casual de um macho e uma fêmea da espécie humana. A promoção do aborto, portanto, é coerente com a defesa da desestruturação da família e faz parte da agenda de gênero.
Conseqüências antropológicas:
a. Se o homem e a mulher são idênticos, não podem ser distinguidos, fora das diferenças biológicas. Toda forma de relação entre eles tem, então, idêntico valor antropológico.
b. Não mais haverá homem ou mulher, seríamos todos – na mesma medida – sexualmente polimorfos (sujeito a mudar de forma, que se apresenta sob diversas formas).
c. Todos os modos de relações sexuais teriam igual valor antropológico e social. Ninguém poderia afirmar que algum modo de relação entre os sexos ou gêneros possa ser bom ou natural e outro mau ou antinatural.
d. Não se poderia restringir a liberdade sexual de ninguém.
Conseqüências sociais:
a. Eliminação do casamento porque toda união sexual teria o mesmo valor. Com efeito, o casamento entre um homem e uma mulher, que formam uma comunidade de vida e de bens com a finalidade de procriar e educar filhos, foi privilegiado entre as outras formas de união entre os sexos.
b. Eliminação da família, porque qualquer união sexual origina um novo “tipo de família”.
c. Eliminação da sociedade, por destruição de sua célula básica.
O Brasil tem-se destacado vergonhosamente pelo apoio maciço a essa ideologia. É mais do que necessário visualizar o nível de manipulação a que a sociedade está submetida por um pequeno grupo de pessoas dispostas a implementar posições minoritárias contra a natureza humana, à luz de distorção de palavras e de idéias. A preocupação primária de tais ideólogos é alterar a essência de conceitos genéricos, difundindo-o pela sociedade até convencê-la de que a adulteração corresponde ao verdadeiro sentido conceitual daquela palavra ou daquela idéia reinterpretada. É uma ideologia sutil porque não procura se impor pela força das armas mas, utilizando a propaganda para mudar as mentes e os corações dos homens, sem aparente derramamento de sangue. É a manipulação de conceitos, da linguagem, para a detenção do poder. Cabe a nós lutarmos contra ela a fim de minimizar seus danos ao ser humano, à família, à sociedade e a sua ofensa à soberania de Deus.
Escrito por Saulo Navarro
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