Agora são os black blocs que usam gás de pimenta contra a polícia. Mas os coleguinhas continuam apaixonados por aqueles que querem espancá-los
No texto desta madrugada, afirmo que a cobertura dos jornais seria favorável aos manifestantes. Acertei, claro! No Rio e em São Paulo. Nas duas cidades, manifestantes mascarados decidiram partir para a porrada. São tratados com simpatia pelos jornalistas. Até o dia, suponho, em que essa gente decida invadir redações, TVs, rádios etc. Aí talvez a coisa mude. Mas não é assim tão certo. Bater em jornalistas, nas ruas, eles já batem. Os profissionais são obrigados a esconder a sua identidade; cinegrafistas de emissoras foram banidos das manifestações têm de trabalhar com celular. Nem assim o ânimo dos companheiros da imprensa muda. Vai ver muitos coleguinhas gostariam de estar mascarados, vestidos de negro, botando pra quebrar. Até nas guerras, em que as duas partes entram para matar ou morrer, jornalistas costumam ter salvaguardas. Usam coletes e costumam ser protegidos pelos lados em conflito. Os nossos revolucionários são mais severos. Se descobrirem um agente da mídia burguesa infiltrado no movimento, eles lincham. Se virem o carro de alguma emissora de TV, eles incendeiam.
E se sentem à vontade para fazer isso porque sabem que estão sendo tratados como heróis pelo jornalismo online. E têm ainda a garantia da impunidade. No dia seguinte, algum inteliquitual alternativo tentará explicar, em páginas impressas, o justo direito à rebelião, como se o Brasil fosse uma ditadura.
REINALDO AZEVEDO
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