sábado, 29 de outubro de 2011

A idéia do LULA



A ideia original de Lula e dos seus era bem outra. Era abortar a anistia ainda em 1979. O jornalista José Nêumanne (autor do livro "O que sei de Lula"), em entrevista ao jornal O Globo no dia 29 de agosto passado, contou ter sido procurado, entre 1978 e 1979, pelo então presidente da Arena, Cláudio Lembo, para cumprir uma missão solicitada pelo general Golbery do Couto e Silva. Golbery queria apoio de Lula para a volta dos exilados. A reunião, testemunhada pelo jornalista, ocorreu num sítio. Qual a resposta de Lula? “Doutor Cláudio, fala para o general que eu não entro nessa porque eu quero que esses caras se danem. Os caras estão lá tomando vinho e vêm para cá mandar em nós?…”. O elevado critério moral de Lula não prevaleceu, a anistia aconteceu em 1979 e foi constitucionalizada em 1988.


Pois eis que coube ao próprio Lula, três décadas depois daquela reunião relatada por Nêumanne, enviar ao Congresso Nacional, no ano passado, o projeto da Comissão Nacional da Verdade. O mundo deu umas quantas voltas, é certo, mas em nada se comparam ao efeito giratório que as conveniências políticas determinam sobre a moral de certas pessoas. É esse projeto que foi aprovado pela Câmara dos Deputados e acaba de sair do forno do Senado. Como Lula não conseguiu abortar a anistia em 1979 e a tentativa de matá-la quando já tinha 31 anos foi inviabilizada pelo STF em abril do ano passado, restou a alternativa da Comissão da Verdade.



Por fim, reitero: tortura é coisa de degenerados. Torturador é monstro que deve arder na cela mais quente do inferno. Junto com seus assemelhados do terrorismo. Mas a anistia pacificou e encaminhou o país para a normalidade institucional ao longo de três décadas. É importante que se acendam luzes sobre o passado, mas sem essas pretensões de linchamento público, de vender meia verdade como verdade inteira, ou de transformar em heróis da democracia aqueles que lutaram por um regime totalitário infinitamente pior do que o regime autoritário que combatiam

percival puggina

Nenhum comentário:

Postar um comentário