terça-feira, 5 de junho de 2012

Ex-presidente do Grupo Silvio Santos revela: Governo Lula comprou banco quebrado porque apresentador era dono de TV





A edição dominical da Folha de São Paulo traz uma entrevista com o ex-presidente do Grupo Silvio Santos, Luiz Sandoval. Pela primeira vez desde que foi revelado o rombo no banco PanAmericano, um executivo próximo ao empresário Silvio Santos concede entrevista e revela qual a relação do governo federal com o dono do SBT. Abaixo reproduzimos trechos da reportagem que pode ser lida na íntegra aqui (para assinantes).


Como foi a negociação com a Caixa e com o governo?


Em fevereiro de 2009, a situação do PanAmericano era muito grave e precisávamos encontrar um sócio. O Silvio pediu para eu procurar o Lázaro Brandão, do Bradesco. Mas o banco não se interessou. Aí fui à Caixa.

Por que demorou tanto?


Demorou mais do que o Silvio gostaria. Ele tinha pressa e me pressionava. Para tranquilizá-lo, o Márcio Percival [presidente da Caixapar] marcou um encontro com o ministro Guido Mantega [Fazenda]. O ministro garantiu que o negócio interessava ao governo e que iria sair.

Por que o governo tinha interesse no PanAmericano?


Muitos bancos menores tentaram ter a Caixa como sócia. Mas que banco tinha Silvio Santos como dono? Isso deixou a Caixa com olhos grandes. A Caixa também teria anúncios no SBT desfrutando dos mesmos descontos dados às empresas do grupo.

(…)

Qual foi a posição da Caixa após o rombo?


Quando o rombo veio a público, a Caixa pediu que o Silvio cobrisse. Pedimos um empréstimo, dando os ativos do grupo em garantia.

E como o Silvio foi informado?


Tentei avisar o Silvio no mesmo dia em que fiquei sabendo, uma quinta-feira, mas ele só quis nos receber no sábado, após a gravação do programa. Fomos até o SBT. O Silvio não entendeu nada e perguntou: “Eu fui roubado?”. Respondi que sim e, surpreendentemente, o Rafael Palladino ficou calado.

O que o Silvio fez?


Ele é um sujeito frio. Pediu uma solução até a segunda-feira. Depois começou a receber diretores envolvidos na fraude, isoladamente, em sua própria casa. Palladino foi o último e não sei o que falaram. Só sei que hoje ele é chamado de Judas pela família. Antes, era o queridinho.

Mas e a solução?

Silvio pediu que eu procurasse novamente o Bradesco. O banco me aconselhou a não procurar nenhum outro banqueiro. Acho que para não espalhar a situação… Logo depois, o Silvio pediu para que eu procurasse o FGC [Fundo Garantidor de Créditos].

O encontro de Silvio Santos com Lula tinha a ver com isso?


A conversa de que o Silvio tinha ido até lá para pedir uma participação dele no Teleton foi um discurso para a imprensa. Ele foi lá pedir a ajuda do presidente.

Funcionou?
Quando cheguei lá [no FGC], tive a sensação de que o acordo já estava pronto. Só negociei as condições.

Um comentário:

  1. Com tantas provas e fatos o que mais seria necessário para um impeachment, e levar alguns para cadeia.

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