quinta-feira, 14 de junho de 2012

PELO DIREITO DE TER FÉ..PELO DIREITO DE CRER







MIRIAM MACEDO





Libertário, ateu, agnóstico e revolucionário odeiam Deus, o cristianismo e a Igreja Católica, mas consideram ascensão a um patamar superior de espiritualidade virar budista, clamar por Pachamama, oferecer flor a Iemanjá, cultuar Mãe Gaia, fazer o santo no terreiro, invocar 'espírito de luz', incensar Mestre Ascenso, fazer conexão cósmica em ritual de feitiçaria Wicca, entoar mantras de sabedoria transcendental de Mestre Osho e atingir o sétimo céu pela ingestão de gosma cor de lama nas igrejas do santo daime.
Estes iluminados que caluniam a Igreja Católica se esquecem que, ao lado da moral judaico-cristã e do direito romano, o cristianismo é o fundamento da civilização ocidental e que eles só podem sair por aí xingando o Todo-Poderoso porque a democracia garante a sua liberdade de expressão e de consciência. Queria ver estes valentes gritar que Alá (não) é vencedor na praia dos aiatolás.


Hoje em dia, quando alguém diz que acredita em Deus, parece que a pessoa está confessando a fé num ser totalmente desconhecido, que caiu de pára-quedas no mundo e de quem nunca ninguém antes ouviu falar sequer remotamente.


É como se a humanidade, pela primeira vez, estivesse sendo comunicada da existência de 'um tal Deus'. Falta perguntar: "De onde é que este cara apareceu?"

Na verdade, é exatamente o contrário. Quem conhece a obra de Mircea Eliade(definitiva e imprescindível para quem quer falar de religião) sabe: o homem desde os primórdios da humanidade busca, conhece e adora a divindade.

A fé no Deus de Abrão - Deus Todo-Poderoso criador do céu e da terra - vem dos tempos imemoriais, antes de Noé, remete ao próprio Jardim do Éden, aos tempos adâmicos.


A literatura e mitologia mesopotâmica (principalmente da Suméria, a mais antiga da humanidade) são rico manancial de conhecimento sobre deus(es). AN(u) lembra Um, OM, não é coincidência.

Durante dois mil anos, a Terra (quase) inteira acreditou que Jesus Cristo morreu e ressuscitou. Nos primeiros 1500 anos da era cristã, a Igreja Católica foi a única igreja de Cristo e o cristianismo a religião da maioria dos grandes filósofos e gênios da arte que a humanidade produziu até hoje.


O ateísmo não era sequer considerado como hipótese, pela indigência de fundamentos e evidência de falta de inteligência. Acreditava-se que a existência de Deus é uma verdade filosófica, a que se chega fazendo uso da razão, da lógica (logos). Os milhares de milagres se encarregavam de mostrar os estreitos limites da ciência diante do 'inexplicável', do 'impossível'. Milagre é 'fato miraculoso'. Só Deus.

De repente, em menos de 200 anos, o Modernismo, primeiro, afirmou que era impossível conhecer a Deus (o agnosticismo fenomenológico à la Kant); em seguida, sem explicar como nem baseado em quê, o pensamento moderno decretou que Deus não existia. Ponto final.

Deus? Está morto, assim falou Nietzsche. A divindade de Jesus Cristo? Ah, foi uma invenção do apóstolo Paulo. A ressureição? Ora, tudo não passou de um transe místico. A igreja como corpo místico de Cristo, cabeça da Igreja? Tudo 171. A Igreja não passa(va) de ópio do povo. Marx falou e disse.

Bento XVI, em seu livro "Jesus de Nazaré - do Batismo no Jordão à Transfiguração", propõe uma reflexão. Como poderia o cristianismo ter durado até hoje se não tivesse havido algo grandioso lá no início?


Basta analisar os fatores desfavoráveis ao cristianismo nos seus tempos iniciais: Jesus de Nazaré, nascido no judaísmo, era mal visto pelos sumos sacerdotes e doutores da lei, que o perseguiram e o fizeram crucificar.


A pregação de Jesus desmascarava a hipocrisia dos fariseus, seus milagres arrebanhavam cada vez mais seguidores e - blasfêmia - Ele se dizia Deus. Além de confrontar o poder dos sacerdotes do Templo, Jesus Cristo não poderia ser o Messias esperado, o povo judeu esperava por um rei de poderosos exércitos que o libertaria do domínio dos romanos.

A propósito do Messias esperado, apareceram muitos deles no tempo anunciado pelos profetas. Arrebatavam seguidores, diziam ser o cumprimento das profecias, mas o tempo se encarregava de desfazer suas pretensões. A seita e sua doutrina simplesmente desapareciam devido a perseguições, morte do líder, desentendimentos ou desinteresses.


Sobre Jesus, pairavam desconfianças ainda mais sólidas. O Messias anunciado pelos profetas era descendente da casa real de Davi, pai do Rei Salomão. Logo, ele não poderia ser aquele pobretão, filho de carpinteiro, nascido na Galiléia, região má afamada e pior, de Nazaré, cidade que não gozava de melhor fama.


Já o Império Romano não queria saber de 'rei dos judeus'. O rei era Cesar. Quem fosse governador romano na província da Judéia iria, certamente, preferir assegurar a boa relação com o Sinédrio, e não facilitar a propagação da fama de um 'profeta' ou Messias que nada signficava para Roma na esfera religiosa e que poderia trazer-lhe problemas na manutenção da ordem na província.


Prova desta camaradagem entre Pilatos e os Sumos Sacerdotes são os soldados romanos que foram enviados ao Horto das Oliveiras para prender Jesus Cristo.


Como poderia ser rei alguém que tinha como seguidores homens simples do povo, pescadores e coletores de impostos, gente ignorante e de má-fama? Além do que, a crucificação era a morte mais infamante a que se podia ser submetido naquele tempo. Era tão infamante que um romano não podia ser crucificado (Paulo, judeu romano, foi decapitado).


Morrer na cruz implicava o total esquecimento do condenado. Era proibido que o nome da pessoa fosse pronunciado depois de sua morte na cruz. Quando Jesus Cristo foi crucificado, os seus discípulos esconderam-se apavorados, temendo ser perseguidos.


Como seria possível que, contra todas estas adversidades, os discípulos de Jesus Cristo tenham enfrentado desassombradamente os poderosos do sinédrio e do Império Romano e tenham saído para o mundo a pregar o Evangelho, enfrentando o martírio e as perseguições e acabando por ver ruir o maior império jamais visto sobre a terra?


Não é ainda mais intrigante que os gregos, que criaram os mais sofisticados pensamentos filosóficos tenham sido convencidos e se convertido ao cristianismo, este conjunto de lero-lero de gente fraca e sem lustro, que precisa criar uma fábula para não sucumbir diante das grandes questões e das vissiscitudes da vida?

Bento XVI faz a pergunta: Como é possível que grupos de pessoas desconhecidas, anônimos, pudessem ser tão criativos e convincentes? Como estas tais pessoas conseguiram se impor?


"Não é mais lógico, até do ponto de vista histórico, que o grandioso se coloque no início e que a figura de Cristo tenha rompido na prática todas as categorias disponíveis, podendo ser compreendido somente a partir do mistério de Deus?"


Naqueles primórdios, logo depois da morte e ressureição de Jesus Cristo, a Igreja era pequena, perseguida, pobre. Não era a instituição poderosa e influente, que subsituiu o Império Romano, criou a civilização ocidental e reinou durante mil anos (a cristandade) até perder seu imenso poder no início da Era Moderna.

Ora, é balela grossa que a Idade Média tenha sido a Idade das Trevas. Eu também pensei que fosse. Fui saber, era mentira. No tempo de Santo Tomás de Aquino - em pleno século XIII! - era comum o povo ir às praças assistir aos grandes debates e embates teológicos. Se discutia em praça pública sobre a existência de Deus! E ninguém ia para a fogueira.

É claro, e inegável, que houve abusos, a Igreja nunca os negou. Mas os que alardeiam a crueldade dos 'milhões' de vítimas da Inquisição (foram cerca de 25 mil) ignoram que a Revolução Francesa matou dez vezes mais gente em um ano que a Inquisição em quatro séculos. Isto é fato histórico comprovado.

Outra pérola é dizer que o Renascimento aconteceu apesar da Idade Média. Fazer esta afirmação é confessar ignorância absoluta. O Renascimento aconteceu, sim, por causa da Idade Média. Todo aquele renascer do conhecimento e das artes só foi possível porque a Igreja criou as universidade e preservou e aprimorou todo o conhecimento da humanidade, principalmente grego e árabe, salvando este conhecimento da destruição das hordas bárbaras que invadiram o império romano após a sua queda.

Não é à toa que São Bento é o patrono da Europa. Os monges beneditinos foram os principais guardiões deste saber, os seus mosteiros são famosos até hoje.


Como toda a xaropada revolucionária, não acreditar em Deus parece inteligente e coisa de iluminado. Transgressivo, sacou? É como a Marcha das Vadias. Mulheres que jamais aceitariam ser confundida com uma mulher da vida ficam pelas redes sociais aplaudindo esta putaria só porque é transgressão. Trangressão por transgressão. Nada mais.

Melhor que sair por aí mostrando a bunda, esta gente poderia gastar seu tempo procurando saber o que é o Milagre do Sol.


Um comentário:

  1. Declaração dos Direitos de ter fé.

    Somos pessoas bondosas e fiéis, grande parte de nós somos pessoas humildes (camponeses, pequenos comerciantes) e buscamos nos relacionar com todos normalmente, alguns são nerds RPGistas e lutamos para melhorar este mundo. Lutamos contra as sedução de Satanás, contra a idolatria, a favor da moral e de costumes sadios não pervertidos.
    (termina de forma inconclusiva pois não foram encontrados todos fragmentos desta declaração depois que que o homem bomba que a conduzia detonou seus explosivos)

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