quarta-feira, 13 de junho de 2012
Que coisa triste, dr Marcio
O advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, aderiu, no sábado à noite, à campanha contra a imprensa promovida pelo PT desde 2003, intensificada depois que veio à luz o escândalo do mensalão, em 2005, e tornada grito de guerra com a CPI do Cachoeira. É um tanto constrangedor ver uma das figuras mais estelares do direito, que tem uma história respeitável de defesa da democracia nos estertores da ditadura (foi presidente da OAB entre 1983 e 1985), aderir agora, em plena democracia, a uma forma velada de defesa da ditadura. Exagero? De modo nenhum! E vou demonstrar isso. O que fez Bastos, que é advogado de um dos 38 réus do mensalão? No programa “Ponto a Ponto”, da BandNews, no sábado, afirmou que a imprensa “tomou partido” contra os réus e tenta influenciar os ministros do Supremo com “publicidade opressiva”. Acusou ainda a imprensa de elevar “a um ponto muito forte o mensalão que vai ser julgado, deixando de lado os outros mensalões”. É uma fala indecorosa para o advogado que teve influência importante na indicação de pelo menos 8 dos 11 ministros do Supremo. E isso quer dizer, como vou demonstrar também, que Bastos parece considerar ilegítimo o trabalho da imprensa, mas legítima a pressão que ele próprio está fazendo sobre os ministros.
Note-se, de saída, que o ex-ministro da Justiça, petista de escol, conselheiro de todas as horas de Lula e hoje advogado de Carlinhos Cachoeira, está repetindo as palavras de José Dirceu no encontro da Juventude Socialista. no mesmo sábado. Este monumento moral da política brasileira cobrou que a UNE vá às ruas em sua defesa e em protesto contra o que chamou “monopólio da mídia”. No mesmo evento, lembro à margem, Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio, “inocentou” a entidade de todas as acusações de malversação de recursos públicos e atribuiu as denúncias — que são, na verdade, evidências — a uma espécie de conspiração dos inimigos, atacando, por óbvio, ainda que de maneira velada, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e imprensa. Paes recomendou a Daniel Iliescu, presidente da UNE, “casca grossa” para suportar as injustiças… Pois é! Se a UNE, agora, não puder mais pegar dinheiro público, comprar uísque e apresentar notas frias na prestação de contas, onde é que fica a liberdade dos camaradas, não é mesmo, prefeito? AQUI
reinaldo azevedo
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