quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DELFIM NETO


Delfim Netto é um dos mais cínicos dos vultos políticos do Brasil. Nunca foi guru dos (neo)liberais. É socialista com salpicos de capitalismo, como o sal que se põe na salada. E de salada se tratam suas idéias de economia-política, a ponto de não compreender a falência do welfare state (o perdulário estado do bem-estar social) na Europa como causa da crise atual. E apoiar os (social)democratas nos Estados Unidos, criadores do welfare state norteamericano.

E foi o idealizador da assaz temerária e nefasta iniciativa, realizada pelo ex-presidente Geisel, de conceder salários aos vereadores, transformando-os numa espécie de senadores municipais. Foi com esse estratagema desonestíssimo que Delfim obteve expressiva votação quando se candidatou pela primeira vez a deputado federal. E criou custo monstruoso, verdadeiro incêndio de impostos que deveriam ser aplicados em investimentos no capital humano: educação, saneamento básico e segurança pública, mas deixou os municípios exangues (sem sangue) e o povo na pobreza, por falta daqueles investimentos.

Antes desse crime que virou fogueira de impostos, farra com dinheiro público, os vereadores não tinham salário, e isso era um filtro para quem queria entrar na vida pública eletiva, pois se candidatavam à função de edil (conf. Dicion. Houaiss): s.m. (sXV) 1 na antiga Roma, funcionário ou magistrado cuja função era observar e garantir o bom estado e funcionamento de edifícios e outras obras e serviços públicos ou de interesse comum, como ruas e o tráfego, abastecimento de gêneros e de água, condições de culto e prática religiosa etc.; nas municipalidades do Império Romano, funcionário administrativo regular, de segundo escalão 2 m.q. vereador 3 B N.E. obsl. m.q. prefeito ('chefe do poder executivo')  etim lat. aedílis,is 'id.' (acp. 1) ílis,is 'id.' (acp. 1)  col edilidade.
se candidatavam, repito, pessoas com honesta vocação para servir à sua comunidade municipal. Após essa experiência, candidatavam-se a deputado estadual e assim por diante, deputado federal e senador.

Com os gordos salários para vereador, mais dezenas de aspones e mordomias, são atraídos bandos de negocistas e aventureiros, que se endividam muito para fazer suas ccaríssimas campanhas eleitorais e depois têm de tirar do erário público ou de empresários fornecedores dos municípios a propina do extraída superfaturamento para pagar suas dívidas. E sugam os recursos dos municípios, muitos dos quais só contam com o Fundo de Participação dos mesmos, pois não conseguem arrecadar impostos suficientes.

Some-se a isso a estúpida constituição (com minúscula mesmo) de 1988 - de Ulysses Guimarães e outros - que abriu as portas para a criação artificial de municípios, multiplicando o desperdício dos gastos públicos com aumento exponencial da burocracia inútil. Eis a ópera magna de Delfim Netto.

Álvaro P. de Cerqueira

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