por bruno pontes
Consegui falar com um meliante acampado no prédio da administração da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Ele nega ser funcionário do tráfico de drogas dentro do campus e desabafa:
Quantos anos você tem?
Faço 29 em dezembro.
Muita gente diria que você é adulto já há algum tempo.
O ‘meu’, é o Estatuto da Juventude que diz que eu sou jovem. Vai duvidar do Estatuto?
Quais são as reivindicações do movimento?
Queremos o ‘fechamento da base estadunidense em Guantánamo’, a ‘democratização da comunicação’, a ‘superação do capitalismo’, a ‘destruição de Israel’ e a ‘retirada da PM assassina do campus’. Nesses meus dez anos como universitário eu nunca vi um ambiente tão opressor como o atual. Fica difícil ‘estudar’.
Numa mesma faixa de protesto vocês escreveram “trabaliadores" e erraram uma concordância. Isso prejudica a imagem do movimento?
[Indignado] Prejudica só na cabeça de quem tem ‘preconceito lingüístico’. O sistema impõe que existe um jeito certo de falar. É uma visão ultrapassada, autoritária, conservadora e ‘homofóbica’, que ‘nós vai’ superar aqui em São Paulo quando ‘a gente elegermos’ o Fernando Haddad para a Prefeitura.
Alunos da USP dizem que a maioria aprova a presença da PM no campus e que o protesto de vocês é uma farsa.
São uns ‘playboyzinhos de m****’ que só querem saber de estudar e trabalhar e esquecem a ‘função social da universidade’. Apesar deles, amanhã há de ser outro dia. Vamos seguir lutando pelo fim da ditadura no campus.
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