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O fato é que a (des) educação ideológica, orientada para o poder foi e é uma tragédia.
Os estudiosos dos mecanismos que explicam a morfologia e os processos conectivos das células nervosas – confirmam a aplicação da neurociência ao campo do conhecimento, do cérebro e do desenvolvimento humano. Aí além da educação se inclui inclusive a economia.
Estamos longe de promover a integração dos descobrimentos da neurociência à educação formal, mas não podemos desanimar, sob pena de não sairmos do subdesenvolvimento educativo e ficarmos condenados à pobreza pessoal, social e econômica.
Logicamente que não se trata de formarmos educadores especialistas em neurociência, mas de profissionais que estejam informados e abertos aos resultados das investigações científicas dos neurocientistas, o que implica no diálogo interdisciplinar e na utilização de dados de investigação-ação em educação mediante a incorporação dos descobrimentos e inovações sobre o cérebro para reconfigurar e atualizar os objetivos e novos ‘modos de educar’.
Isso requer vontade (a mesma decantada e famigerada ‘vontade’ política) – com investimentos em equipes interdisciplinares integradas por neurocientistas, com vocação e interessado na educação (e no futuro), psicológicos igualmente interessados em investigar esses temas, educadores com formação para investigar e aplicar interdisciplinarmente os resultados das investigações.
Porém, uma iniciativa dessa envergadura, ou seja, uma política de desenvolvimento educacional, envolvendo a neurociência, ciências cognitivas e ciências da educação – teria que ser promovida interinstitucionalmente pelos Ministérios e órgãos afins (Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Conselhos de Educação – nacional e estadual e, obviamente as Universidades).
RIVADAVIA ROSA
LEITURA E NEUROCIÊNCIA
Eu aprendi a ler em 1945 com a cartilha que começava mostrando a figura de uma mão espalmada com as letras A, E, I, O, U nas pontas dos dedos. Depois aprendi as combinações das consoantes e as vogais. Do tipo BA, BE, BI, BO, BU, o alfabeto e depois a as palavras. Sempre gostei de ler porque compreendia o texto e exercitei a facilidade em escrever.
Faço essa introdução para constatar que há algum tempo o Brasil passou a adotar pedagogia do construtivismo onde a criança primeiro aprende o significado da palavra e depois os símbolos que a compõem. O governo gastou milhões com autores e editores para os livros com o novo método.
O matemático e neurocientista francês Stanislas Dehaene que se dedica a decifrar as mudanças cerebrais causadas pelo ato de ler anunciou grandes descobertas. Para ele, a leitura moldou o cérebro humano e preparou-o para assimilar habilidades impossíveis de ser aprendidas por iletrados. Em seu livro Os neurônios da leitura (Editora Penso, R$ 71), ele afirma que o conhecimento do impacto da leitura no cérebro pode melhorar métodos de alfabetização para crianças e dá exemplos de como esse conhecimento tem auxiliado pessoas com dislexia. A Revista Época de 06/08/12 publica abrangente entrevista.
O ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas mostra que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente. Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global (construtivismo) mostram-se ineficazes.
Verificou em pesquisa de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. No português, a criança aprende primeiro a combinação de consoantes e vogais. A próxima etapa é entender a combinação entre duas consoantes e uma vogal, como o “vra” de palavra. Essa composição de formas, do menor para o maior, é feita no lado esquerdo do cérebro. Quando se usam metodologias para a alfabetização que seguem o método global, no qual a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer os símbolos, o lado direito é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá de chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. É um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro. Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons tem facilidade em interpretar o que leem,
Talvez esteja ai uma das razões da baixa capacidade de leitura e redação do povo brasileiro. “O ponto de partida é assegurar a alfabetização ao final do 1.º ano”.
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