domingo, 18 de novembro de 2012

ISRAEL EM TEMPO DE GUERRA

 
 
Dalva Agne Lynch - www.dalvalynch.net


E Israel, em um gesto que chocou pacifistas pelo mundo inteiro, levantou-se, às vésperas do Natal de 2008, e bombardeou Gaza. O mundo clamou e reclamou. Os países árabes choraram e pediram represálias. A UN se calou.

Para tentar destrinchar o cenário, vamos transportar a coisa para o seu dia a dia (ainda tem hifen nesta coisa?):

Digamos que você tenha um terreno, comprado com seu suado dinheirinho, vizinho ao terreno de um homem muito rico.

Este homem acusa você de ter roubado o terreno dele, já que ele ocupava ambos antes de você tê-lo comprado, e resolve fazer de sua vida um inferno. Ele lhe lança lixo, joga seus cachorros contra suas galinhas e seus filhos, corta suas árvores e seus cabos e seus fios elétricos. Você tenta argumentar, conversar, colocar um pouco de nexo na cabeça do sujeito. Você COMPROU sua terra, pô!

E nada adianta. Você vai à justiça, e lhe ordenam que dê ao homem metade de suas terras, aquelas que você comprou com seu suado dinheirinho.

Você dá. Agora o homem colocou, ao lado da sua cerca, embaixo de sua janela, uma choça fedorenta e mal feita, sem água e sem luz, e cedeu-a aos primos pobres deles.

Você se compadece e puxa fios de luz e canos de água para a choça, pagando a conta mensal. Paga a escola dos filhos deles. Leva remédios quando ficam doentes. Compra comida e roupa para eles.

E, durante a noite, aquela família a quem você paga a luz e a água, a escola dos filhos e a comida e a roupa, é atiçada pelos seus primos ricos a jogar lixo no seu terreno, lançar os cachorros contra seus filhos e contra suas galinhas.

Você pensa em como eles sofrem, morando em uma choça ao lado do primo rico que não os ajuda, e fica quieto.

E fica quieto.

Até que um dia, os cachorros ferem mortalmente um de seus filhos, e você diz: BASTA!

Você retira a luz, a água e tudo o que paga para eles, e diz à família pobre dos primos ricos: quando vocês pararem de nos atacar, voltam a ter tudo outra vez.

Os primos pobres vão aos primos ricos e reclamam. Afinal, os primos ricos haviam prometido lhes dar a terra onde você mora!

Então os primos ricos vão à imprensa, à justiça, vociferando contra você, o homem cruel que retirou a água e a luz e a cesta básica e os medicamentos daquela família. Eles, que nunca gastaram um só tostão de suas vastas fortunas para ajudar seus primos pobres, vão à justiça contra você. O vizinho injusto.

E esta, amados e amadas, é a história de Israel e da Palestina. Quando Israel finalmente encheu o saco de alimentar, cuidar e proteger os palestinos, enquanto estes, atiçados pelos ricos países árabes, continuamente terrorizam a população israelense, o mundo grita que os israelenses é que são culpados.

Pois deixe-me dizer-lhe: o direito de defesa contra a injustiça é um direito divino. E D´us NÃO É pacifista. Vejamos o que acontece na natureza:

Para começo de conversa, essa atitude de dizer que "D´us permitiu que isto acontecesse" é um escapismo. D´us não causa nem permite desgraças. D´us criou o mundo e deu-o ao homem, com TODO PODER de fazer o que bem entendesse com ele. Se ele quer fazer besteira, problema dele.

O mundo é nosso, e a culpa de tudo o que se passa aqui é NOSSA.

E como é isto, diria você, pensando em um tsunami, em um terremoto, em uma seca, em uma Santa Catarina onde tanta gente passou o Natal sem seus lares?

Não há pacifismo na dinâmica do Universo, amigo ou amiga. D´us reservou para si um curinga, para que o homem aprendesse. Assim, as forças da natureza são as únicas que o homem não consegue domar.

Agora voltemos à guerra, e a reação do homem a ela:

Veja bem: o pacifista vê um marmanjo estuprando uma menina de dez anos e passa de largo, porque ele é contra a violência, e não vai se sujar apelando para a força.

O homem divino mete um tiro no desgraçado, e salva a criança de suas garras.

Amigo ou amiga, que sejamos divinos, e não pacifistas. Que ajudemos a quem precisa, mas não a ponto de patrocinar ou apoiar suas atrocidades. Que nosso amor seja temperado com LÓGICA. Que não nos deixemos levar por pregação, por manipulação emocional, por falsidade ideológica.

Veja o mapa que ilustra este texto: o minúsculo território israelense está cercado por territórios árabes de todos os lados. Territórios ricos, cheios de petróleo, com amplo espaço. Contudo, nenhum desses países, desde o renascimento do Estado de Israel, em 1948, ofereceu ao povo palestino sequer um pedacinho de terra.

Ofereceram-lhes atirar os judeus ao mar. Ofereceram JIHAD - guerra "santa". E atiçaram um povo pacífico como eram os palestinos a lutar pelos interesses dos grandes. E se Israel se defende, é chamada de TERRORISTA.

Amigo ou amiga, na Segunda Guerra, os nazistas estavam dizimando os judeus, e todos os países do mundo - TODOS - se recusaram a dar-lhes abrigo, a não ser aos que tinham documentos e posses. Que documentos? Que posses? Os nazistas lhes haviam tirado tudo!
Então, depois que Israel foi declarada uma nação, em Maio de 1948, todos aqueles milhares refugiados - pobres, doentes, deprivados de tudo - entraram em navios caindo aos pedaços e imigraram para Israel. Para onde poderiam ir?

É lá encontraram guerra outra vez. Amigo ou amiga, Israel não estava defendendo riquezas ou terras ou o que quer que seja: estava defendendo o direito de viver daquele bando de sobreviventes! Eles não tinham armas, nem aviões, nem tanques, nem dinheiro - os árabes ao seu redor tinham. Foi somente com a chutzpah de Golda Meyr e outros, que percorreram o mundo pedindo aos judeus de todos os países que patrocinassem o renascimento de Israel, que puderam comprar velhos e batidos aviões, tanques e armas, comprar comida e remédios.
Veja o mapa! Ainda hoje, quem é maior? Quem tem mais poder bélico? Quem tem o petróleo? É ridículo querer tirar de Israel um pedacinho que seja de terra, quando eles possuem tanto! A única coisa que Israel tem é cultura, conhecimento e algo muito importante chamado liberdade.

Ah, você diria, mas Israel tem o dinheiro americano! Ah, é?

Errado: a América tem o dinheiro judeu. E a Europa também. E é por isto, E SÓ POR ISTO, que seus governos defendem Israel.

E é por isto - e só por isto, nada mais - que os povos se levantam contra Israel. Como em todo o passado do mundo, as guerras são por ganância: tiremos dos ricos e demos aos... pobres? Não! Aos poderosos. Os pobres, como sempre, continuarão pobres.

Como aconteceu com cada guerra desde a fundação do mundo, o problema do Oriente Médio não é o fato de Israel ter posse de um pedacinho de terra, mas sim a necessidade que o homem tem de destruir quem tem mais sucesso no que faz. De um pedaço de deserto infestado de pulgas, Israel fez uma nação florida, próspera, bela, onde qualquer um pode viver em liberdade, não importa a cor, a raça, o credo.
Tudo isto para dizer que, às vezes, amigo ou amiga, é preciso pegar da espada para defender não apenas o mais fraco, mas também o direito, a honra, a dignidade. A cultura, a ciência, a liberdade.

Ser da paz não é sinônimo de pacifismo. Ser da paz é estar disposto a pegar em armas para defender o patrimônio universal de cultura, de fé e de liberdade.

Amigo ou amiga, você acha que pode ser cristão em qualquer um daqueles outros países que circundam Israel? Não. Mas você pode ser cristão em Israel. Você acha que pode ser gay neles? Não. Mas você pode ser gay em Israel. Você acha que pode ser livre no que veste e lê e ouve neles? Não. Mas você pode ser livre em Israel.

Então por que, diga-me, você defende o direito dos que tiram a liberdade alheia? Veja o mapa, e diga-me se não é apenas por milagre que Israel existe!

Não, amigo ou amiga. Não é nenhum poder econômico que mantém Israel. O que mantém Israel em pé é a loucura de quem acredita que lutar pela liberdade e pelos direitos humanos é algo divino, e que ninguém deveria obrigar a outrem a viver de acordo com seus próprios parâmetros e crenças, sob pena de ser torturado, aprisionado, assassinado.
Não estou dizendo que o povo de Israel e da Palestina não cometeram crimes. Estou dizendo que, se eles fossem deixados em paz, tais crimes não teriam sido cometidos. Foram os grandes, os poderosos, que atiçaram um povo contra o outro, por ganância e arrogância.

Seja como for, não se esqueça: somos, cada um de nós, parte de um todo chamado HUMANIDADE. E você é responsável não só pelo que faz, mas também por todo ato alheio que defenda, e por todo ato ignóbil que ignore, por achar que não é da sua conta. É uma grande responsabilidade, o ser-se humano. Veja abaixo:

Humano
(do livro A Hora da Espada - Dalva Agne Lynch, Selo REBRA, 2003)

Vejo pedaços de mim caídos
pelos campos de batalha.
Aquele que condenas
sou eu!

Vende-se pedaços de mim
nas ruas e esquinas.
E quem paga a noite vendida
sou eu!

É minha a estrutura trôpega
coroada de flores negras.
E quem se coroa de louros
sou eu!

Cada miserável pedaço humano
por fado algoz ou vítima
em algemas ou no trono
sim, digo-te: sou eu!

Não o outro.

Amigo ou amiga, neste Natal, que sua porta esteja aberta a quem precise, mesmo se ele ou ela não for de sua mesma fé, sua mesma classe, sua mesma cor.

Acima de tudo, desejo-lhe não a paz dos pacifistas, mas a única paz verdadeira que há: A PAZ DOS INOCENTES.

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