domingo, 24 de março de 2013
UMA MENSAGEM DOS MÉDICOS À NAÇÃO BRASILEIRA
Documento, aprovado pelos CRMs, defende o SUS e critica medidas anunciadas pelo Governo
Representantes dos 27 Conselhos Regionais de Medicina do país e do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovaram, durante plenária de encerramento do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2013 (I ENCM 2013), ocorrido na capital paraense entre 6 e 8 de março, o Manifesto de Belém, documento que em seu conteúdo defende o Sistema Único de Saúde (SUS).
Na mensagem dos médicos direcionada à Nação, são apontadas e criticadas as ações anunciadas pelo Governo Federal para a área da saúde, como a entrada (no mercado de trabalho) de médicos estrangeiros e brasileiros com diplomas obtidos em outros países, sem revalidação em território nacional; a ausência de uma carreira de Estado para o médico; e a possibilidade de estreitamento nas relações entre o Governo e as operadoras de planos de saúde.
Acompanhe a íntegra do texto:
MANIFESTO DE BELÉM
UMA MENSAGEM DOS MÉDICOS À NAÇÃO BRASILEIRA
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), reunidos em Belém (PA), manifestam seu repúdio às ações anunciadas, recentemente, pelo Governo Federal que ferem conquistas e diretrizes constitucionais da saúde pública. As entidades alertam a sociedade brasileira para as medidas, com as quais não concordamos, que se implementadas podem comprometer o futuro do sistema de saúde brasileiro:
1) A entrada irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de medicina obtidos no exterior sem sua respectiva revalidação fere a norma legal, coloca a qualidade da assistência à população em situação de risco e não garante a ampliação definitiva de acesso à assistência nas áreas de difícil provimento. Trata-se de proposta improvisada, imediatista e midiática, que ignora as questões estruturais do trabalho médico no Sistema Único de Saúde (SUS) e também o Revalida, exame criado pelo Governo que tem avaliado com justiça a competência e a capacidade desses médicos interessados em atuar no país;
2) A ausência de uma carreira de Estado para o médico do SUS, com a previsão de infraestrutura e de condições de trabalho adequadas para os profissionais, impede a presença efetiva de médicos e a melhoria do atendimento em pequenos municípios e nas periferias dos grandes centros. Somente a implementação dessa carreira trará solução eficaz para o preenchimento definitivo dos vazios assistenciais;
3) A intenção de reduzir impostos, dar subsídios e destinar recursos públicos para as operadoras de planos de saúde, conforme anunciado após encontros de representantes do Governo com empresários do setor, demonstra, de forma contraditória, o favorecimento da esfera privada em detrimento da pública na prestação da assistência à saúde, cuja prática tem sido feita sob o signo do subfinanciamento público federal, principal responsável pelas dificuldades do SUS;
4) Os Conselhos de Medicina defendem o SUS público, integral, gratuito, de qualidade e acessível a toda a população. Para tanto, exigimos o cumprimento de uma agenda mínima, a qual inclui a destinação de 10% da receita da União para a saúde e o aperfeiçoamento dos serviços públicos, dotando-os de infraestrutura e recursos humanos valorizados para atender de forma eficaz a população
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