Carlos Newton
Surgem cada vez mais críticas ao desempenho do BNDES, que na gestão de Luciano Coutinho se transformou num simples instrumento de governo. Para mim, ex-funcionário do BNDES, é algo inaceitável. Na gestão da dupla Carlos Lessa/Darc Costa, a melhor administração que o banco de fomento já teve, eu trabalhava em Brasília, representando a diretoria junto ao Congresso Nacional.
Na época (2003), o BNDES era um dos pratos do dia da oposição (PSDB, DEM e PPS). Eram frequentes os ataques ao banco, mas com argumentos ardilosos e falseados. Eu anotava tudo, respondia as críticas por escrito, imediatamente enviava ao parlamentar oposicionista, e no dia seguinte comparecia ao gabinete e explicava como ele estava ingenuamente sendo usado por informantes mal intencionados. E eu sempre acabava a conversa usando um argumento irrespondível:
O BNDES não pertence ao PT ou ao governo. O BNDES trabalha para desenvolver o País social e economicamente. Não está a serviço de grupos ou facções. Entregava ao parlamentar da oposição um manual sobre os financiamentos do BNDES e explicava que o banco estava à disposição para projetos em todos os Estados e municípios brasileiros, e não nos interessava se eram governados pelo partido A ou B.
Os parlamentares oposicionistas que haviam criticado o BNDES ficavam envergonhados e nunca mais caiam na esparrela dos informantes, como aconteceu com Artur Virgilio, Alberto Goldman, José Agripino Maia, Alvaro Dias e tantos outros que foram procurados por mim.
RETROCESSO
Era um prazer trabalhar com dois intelectuais brasileiros como Carlos Lessa e Darc Costa, ambos nacionalistas e somente dedicados aos interesses do país. Estabeleceram uma nítida separação entre empresa nacional e multinacional, ao mesmo tempo em que criaram incentivos às empresas de setores estratégicos e tecnológicos (como energia,medicamentos e informática). Fizeram uma dobradinha com a Petrobras e rapidamente recuperaram a indústria naval. Lançaram o Cartão BNDES e o banco enfim passou a financiar micros, pequenas e médias empresas. Bons tempos.
Depois, vieram as gestões de Guido Mantega e Demian Fiocca, e o BNDES começou a ser usado politicamente pelo governo, primeiro de forma tímida, depois escancaradamente. Mas nada que se compare à administração de Luciano Coutinho, um verdadeiro desastre.
Hoje o banco funciona como um instrumento do governo, criando degenerações, como o Friboi e o Grupo X, de Eike Batista, e fazendo financiamentos bilionários a Cuba e a outras nações financeiramente arruinadas e sem perspectivas.
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