quinta-feira, 1 de maio de 2014

RIVADAVIA ROSA- MOVIMENTOS SOCIAIS



Há decididamente um esforço em situar os movimentos sociais e sua dinâmica particular, histórica e analiticamente, no universo do confronto político.

Normalmente, o confronto político ocorre quando pessoas comuns, sempre aliadas a cidadãos mais influentes, juntam forças para fazer frente às elites, autoridades e opositores. Tais confrontos remontam ao início da história. Mas prepará-los, coordená-los e mantê-los contra opositores poderosos é a contribuição singular dos movimentos sociais – uma invenção da Idade Moderna que acompanhou o surgimento do Estado moderno.

A análise dos movimentos sociais em suas variadas demonstrações e manifestações de massa, reivindicações, protestos, e ações coletivas violentas por sua complexidade não pode ser clara e indiscutível, porém, em razão do viés ideológico que assumiu por sua instrumentalição pelo petismo-lulismo de forma escancarada é realmente alarmante já se configura numa real ameaça ao Estado de Direito.

O confronto político é desencadeado quando oportunidades e restrições políticas em mudança criam incentivos para atores sociais que não têm recursos próprios. Ales agem através de repertórios de confrontos conhecidos, expandindo-os ao criar inovações marginais. O confronto político conduz a uma interação sustentada com opositores quando é apoiado por densas redes sociais e estimulado por símbolos culturalmente vibrantes e orientados para a ação. O resultado é o movimento social.

Nas últimas quatro décadas do século XX, uma onda de novas formas de confronto se espalhou pelo mundo, de uma região a outra, seguindo-se em expansão no início deste século XXI.

Na atualidade, os movimentos sociais, sobretudo em forma de confronto político ganham especial relevância devido a sua enorme expansão e diversidade crescente: desde estudantis a ambientalistas, feministas, pela “paz”, direitos civis; primeiramente nos EUA, depois na Europa Ocidental.

Seguem-se as lutas pelos direitos humanos e democracia nos sistemas autoritários e semiautoritários; o extremismo religioso islâmico e judaico no Oriente Médio e a militância hindu na Índia; e, mas recentemente, a violência contra os imigrantes na Europa Ocidental, o fundamentalismo cristão nos Estados Unidos; o nacionalismo étnico nos Balcãs e na ex-União Soviética; as guerras e etnocídios tribais na África.

O prato é amplo e variado; Occupy Wall Street (EUA), Primavera Árabe (Países Árabes), 15-M (Domingo 15 de maio de 2011, Puerta del Sol de Madri e outras praças da Espanha tomadas por “indignados”). Cacerolazo 18A(Argentina), movimento estudantil (Chile), defesa da Praça Taksim (Turquia), movimentos também no Uruguai, Colômbia, México, sem esquecer o fortalecimento da “extrema direita” (contraponto?) e a violência contra os imigrantes na Europa Ocidental, o nacionalismo étnico nos Balcãs e na ex-União Soviética, inclusive alguns incipientes ‘movimentos’ na retardatária China, que alberga ainda o movimento pela libertação do Tibet ...

No Brasil – as conhecidas “manifestações populares” de junho/2013 - “Passe livre”, seguida pelos dos “Black Blocs”, “Rolezinhos” ...., tendo como alvo preferencial os governos estaduais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Na realidade, é de se reiterar, o Estado brasileiro foi sequestrado justamente pelos militantes que se auto proclamavam ‘éticos, democráticos e transparentes’ e, sob esse eufemismo sedutor promoveram a maiorapropriação/roubo/saque dos recursos públicos, o que inviabiliza qualquer projeto de bem-estar geral, por isso o “bem-estar” de uma “zelite” e o “mal estar geral da população” provedora inocentemente desse projeto sociopolítico criminoso inspirado no Foro de São Paulo.

Porém, nem todos esses eventos merecem o nome de “movimentos sociais”, que designam as sequências de confronto político baseadas em redes sociais de apoio em vigorosos esquemas de ação coletiva e que, além disso, desenvolvem a capacidade de manter provocações sustentadas contra opositores poderosos. Mas todos são parte de um universo mais amplo de confronto político que pode surgir, de um lado, de dentro de instituições e, de outro, pode se expandir e se transformar em revolução.

Notadamente a doutrina de Marx e Engels, apostou na ação das massas da classe trabalhadora em seu choque inevitável com o capital em processo de concentração, na medida em que houvesse o amadurecimento das massas para obter vantagem das condições históricas, também em maturação, ou seja, o aprofudamento das contradições do capitalismo.

Na longa espera do colapso do capitalismo ou “dilúvio” como se referia Marx, houve a “inovação” leninista.Lênin, frente a um Estado autoritário e a um proletariado imaturo, apropriou-se da mensagem revolucionária marxista, substituindo a ação de massas do proletariado pela direção consciente do partido – como a “cabeça” do movimento do qual os trabalhadores era o corpo. As condições russas e o construtivismo criativo de Lenin mudaram o quadro interpretativo do marxismo, que passou de uma teoria da revolução das massas da classe trabalhadora para uma teoria da organização e da mobilização conduzida pela elite.

“À medida que o marxismo se espalhou pelo mundo, sua obsessão pela classe trabalhadora deixou de ser tão imperativa porque, nas principais colônias e semicolônias do mundo, em sua maioria camponesas, como se poderia organizar uma revolução, com um proletariado que não existia? As noções de Lenin sobre vanguarda também foram desafiadas: primeiro, à medida que o movimento se espalhou para as áreas rurais onde se mesclou a escatologia camponesas (HOBSBAWM, 1959); e, segundo, quando a estratégia entrou em contato com sociedades civis mais resilientes do que a Russia czarista (GRAMSCI, 1971). Quando o Partido Comunista Chinês foi esmagado por Chiang Kai-Shek na rebelião de Shangai em 1927 (PERRY, 1993, cap. 5), o vanguardismo e o obreirismo foram postos em questão.

Foi neste ponto que uma variante do marxismo inteiramente nova foi concebida por Mao Tsé-Tung – “a língua de massa”. Não sendo um simples retorno ao obreirismo de Marx nem uma rejeição à organização leninista, o maoísmo reinterpretou o marxismo considerando a revolução como a luta dos povos coloniais das áreas rurais em todo o mundo contra as cidades parasitas, sob a liderança de um grupo de vanguarda com raízes na classe camponesa. Mao também mobilizou seguidores em torno dos símbolos culturais chineses, tornando o movimento infinitamente mais efeitivo perante um invasor estrangeiro do que diante de capitalistas e senhores de terra domésticos (JOHNSON, 1962).” TARROW, Sidney. O poder em movimento (Power in movement)– Movimentos sociais e confronto político. (trad. Ana Maria Sallum). Petrópolis: Vozes, 2oo9.

Assim, reiteradamente diante das crises ‘naturais’ do capitalismo que supostamente seriam as desejadas “condições históricas” retoma-se o assanhamento nessa crença, motivado pelo messianismo coletivista.

O fato é que essa aberração sociopolítica criminosa, vulgarmente conhecida como comunismo – verdadeira “besta” espalhada pelo mundo promoveu a maior catástrofe (des) humanitária do Planeta pela violência, fome, eliminação (física) de etnias, gulag e outros experimentos criminosos de “reengenharia social”, até seu colapso em 1989, do então chamado “socialismo real”, ainda persiste dissimulada, cínica e perversamente em pleno século XXI.


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