Uma pessoa fez um comentário a um post meu aqui no Facebook (com a entrevista de José Miguel Vivanco, diretor do Human Rights Watch, sobre a Venezuela). Leiam o comentário:
"Pois é, essa oposição na Venezuela está do lado do grande capital, é contra os interesses do povo. O governo democrático tem mais é que descer o cacete mesmo, pra esse povo aprender de uma vez qual é o sentido da história. Estamos fadados ao socialismo democrático".
Perguntei a ele se foi uma ironia. Ele respondeu que "foi sim uma ironia. Ou melhor, um exercício de alteridade" (?). De qualquer modo o comentário define com perfeição o que hoje chamamos de esquerda autocrática. É uma síntese da concepção militante sobre democracia Vejam os conceitos:
a) "povo" (uma palavra estranha usada pelos populistas para designar os rebanhos que querem conduzir: populus, como se sabe, foi um termo empregado originalmente para designar contingente de tropas),
b) "governo democrático" (confusão de democracia com eleição: o governo é democrático porque foi eleito, então não precisa governar democraticamente),
c) "o governo tem que descer o cacete" (repressão à oposição é legítima, a oposição é ilegítima e não peça fundamental do processo democrático e só deve haver liberdade para os que são da esquerda, nunca para seus inimigos),
d) "sentido da história" (uma imanência: a história não é feita pelas pessoas concretas, mas já vem com um sentido embutido),
e) "estamos fadados ao socialismo" (fadário, sina, fatalidade, destino - todos conceitos autocráticos).
Isso é tudo que alguém poderia imaginar de desumanizante. Mas eles não estão só imaginando: estão praticando. Não acuso o autor do comentário, que disse ter feito um "exercício de alteridade" e sim os militantes que têm esta concepção (que está por trás do que fazem).
Estão entendendo agora por que digo que esses caras não são players do processo democrático?
ABAIXO FOTOS DA DEMOCRACIA DO PETISTA
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