domingo, 26 de agosto de 2012

CARTA à JORNALISTA TEREZA CRUVINEL




Senhora jornalista Tereza Cruvinel

Na sua coluna publicada no Correio Braziliense de hoje (domingo, 26 de agosto), referindo-se aos ministros do STF, a senhora escreveu “.... um deles é atacado nos meios de comunicação como se se tratasse de um líder partidário na Câmara que votou contra certos anseios da rua.”

Ora, senhora jornalista. Se não for pedir demais, peço que a senhora respeite a inteligência de seus leitores. Da forma como escreveu, tem-se a impressão de que o coitado do ministro Lewandowski é vítima de ataques. Por que a senhora não tenta ver de outra forma? Na verdade, o ministro é que se comportou como se político fosse. A leitura do voto do ministro mais parecia a sustentação de um advogado de defesa ou o discurso de um deputado, tudo menos o pronunciamento de um juiz num julgamento.

O próprio título da sua coluna é tendencioso, “Hora do voto técnico”. O que significa esse título? Quer dizer que o voto do ministro Joaquim Barbosa não teria sido “técnico”?

Mais adiante, ao prever que os próximos votos serão mais “técnicos”, a senhora teve a coragem de escrever “.... dando lugar a votos mais parecidos com o de Lewandowski....”. Vamos ver se entendi: o voto de Lewandowski foi técnico, o do ministro relator não foi. E por isso, o revisor é “atacado” nos meios de comunicação. É isso?

Pois eu afirmo, senhora jornalista, se o revisor tem recebido críticas como se político fosse, é porque não se comporta como juiz e sim como político.

E por falar em técnica (parafraseando sua colega colunista do CB).

O papel do revisor era revisar o relatório do relator do ponto de vista da forma, ou “técnico”, como queira. Mas parece que ele estava tão preocupado com o tal do “contraponto” ao relator (coisa que ele inventou, porque não está no regimento do STF), que deixou passar batido um erro técnico que só foi descoberto por um Defensor Público que assumiu a defesa de um dos réus em cima da hora.

Desculpe a ousadia, senhora jornalista, mas como leitor e homem mais velho do que a senhora, me permito uma sugestão (não um conselho, apenas uma sugestão). Um pouco mais de rigor “técnico” na redação da sua coluna não faria mal algum. Do jeito que vem sendo escrita, corre o risco de ser analisada não como uma coluna escrita por uma jornalista num jornal de grande circulação, mas como “se se tratasse de um líder partidário na Câmara” que escreveu contra os anseios da rua.

Por favor, senhora jornalista Tereza Cruvinel, tente respeitar um pouco mais a inteligência dos leitores.

Grato pela atenção e um bom domingo

Eduardo Belmonte de Athayde Bohrer
Administrador e Professor

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