sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Réus gastam com advogados quase metade do valor total do esquema do Mensalão



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Segundo revista, honorários chegam a R$ 61 milhões; desvios apurados pelo MP que constam da denúncia da Procuradoria-Geral da República foram de R$ 141 milhões


A revista Veja desta semana publicou uma estimativa dos honorários dos advogados dos réus do Mensalão. Confiram trechos da matéria, com grifos nossos:




Os advogados dos réus do mensalão são frequentemente loquazes. Menos no que se refere aos honorários que estão recebendo – e a quem está, de fato, pagando-lhes. Embora rejeitem revelar os valores que embolsam, não têm o mesmo comedimento em falar sobre os vencimentos dos colegas. VEJA ouviu vários desses criminalistas para levantar uma estimativa dos proventos envolvidos no caso. Num cálculo conservador, os mensaleiros estão pagando cerca de 61 milhões de reais para não ser condenados.

No mercado dos maiores criminalistas do Brasil, é consenso apontar Márcio Thomaz Bastos como o mais bem remunerado. Estaria recebendo 20 milhões de reais do Banco Rural para defender José Roberto Salgado, ex-diretor da instituição – incluída aí uma “taxa de êxito”. Thomaz Bastos cobraria até mais se estivesse com Salgado desde o início do caso. Como entrou tarde, aceitou reduzir seus honorários. É hoje, a léguas de distância, o criminalista mais caro do Brasil.

(…)

Apesar de a maior parte dos grandes criminalistas brasileiros participar do caso, não se viu até sexta-feira passada nenhuma defesa arrebatadora – mesmo porque pouco se diferenciaram dos memoriais de defesa entregues aos ministros. De modo geral, foram corretos, mas sem brilho especial nem retórica impactante. Alguns, no entanto, como Luiz Fernando Pacheco, advogado do ex-presidente do PT José Genoino, tiveram momentos constrangedores.

Os advogados do mensalão – ao todo são cerca de 150 envolvidos, incluindo nessa conta os assistentes – formaram nestas duas últimas semanas uma turma unida. Quase todos saem juntos para beber em Brasília, discutem há tempos estratégias comuns. Talvez nem pudesse ser diferente. Eles – e os seus argumentos – não podiam brigar entre si na defesa de seus clientes. Ainda que tal articulação deponha contra a própria defesa em pelo menos um ponto: oficialmente, negam que tenha havido formação de quadrilha no mensalão, mas as reuniões em conjunto, comandadas por Thomaz Bastos, acabam sendo uma espécie de negação dos seus argumentos.

(…)

Se ambos os valores estiverem corretos, significaria que os réus gastaram apenas em honorários advocatícios mais de 40% do valor total movimentado pelo esquema (
R$ 141 milhões, segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República).

Embora estejamos acostumados a ver em outros países celebridades e magnatas encrencados com a lei que gastam todas suas fortunas com advogados (vide Bernie Madoff, Mike Tyson, OJ Simpson e tantos outros), no Brasil é raro se ter notícia de réus cuja vida financeira tenha sido abalada significativamente devido aos processos. Com o Mensalão é diferente: vários dos doutores que fizeram suas sustentações orais ao longo dos primeiros nove dias do julgamento tentaram nos fazer crer que seus clientes estão vivendo praticamente na miséria desde a revelação do escândalo.

Certo blogueiro patrocinado pelo governo e inadimplente com o BNDES não tardou a afirmar que as estimativas da Veja “são provavelmente uma invenção em sua totalidade” (seja lá o que isso quer dizer), pedindo para seus leitores acreditarem na história do doutor anônimo que está “praticamente trabalhando na faixa”, pagando as idas e vindas para Brasília do próprio bolso por amor à causa, e mesmo assim aparece na revista como “dono de um honorário milionário”.

Se ambos os valores estiverem corretos, significaria que os réus gastaram apenas em honorários advocatícios mais de 40% do valor total movimentado pelo esquema (
R$ 141 milhões, segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República).

Embora estejamos acostumados a ver em outros países celebridades e magnatas encrencados com a lei que gastam todas suas fortunas com advogados (vide Bernie Madoff, Mike Tyson, OJ Simpson e tantos outros), no Brasil é raro se ter notícia de réus cuja vida financeira tenha sido abalada significativamente devido aos processos. Com o Mensalão é diferente: vários dos doutores que fizeram suas sustentações orais ao longo dos primeiros nove dias do julgamento tentaram nos fazer crer que seus clientes estão vivendo praticamente na miséria desde a revelação do escândalo.

Certo blogueiro patrocinado pelo governo e inadimplente com o BNDES não tardou a afirmar que as estimativas da Veja “são provavelmente uma invenção em sua totalidade” (seja lá o que isso quer dizer), pedindo para seus leitores acreditarem na história do doutor anônimo que está “praticamente trabalhando na faixa”, pagando as idas e vindas para Brasília do próprio bolso por amor à causa, e mesmo assim aparece na revista como “dono de um honorário milionário”.

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