domingo, 14 de outubro de 2012

Invejosos e injustos



Geoffrey Blayney, em sua breve história do século 20, observa que o socialismo, que aproximou intelectuais e dominou muitos países durante certo período, alicerçava-se na injustiça e na inveja.

O tratamento injusto que as elites ofertavam às classes mais desfavorecidas e a inveja daqueles intelectuais, incapazes de, por ação própria, alcançar o desenvolvimento obtido pelas elites – uma das características dos regimes socialistas é o pouco desenvolvimento e progresso econômico – apontou-lhes o caminho mais fácil: tirar dos que construíram ao invés de construírem eles próprios, o que não sabiam fazer. Esses dois fatores foram fundamentais na geração dos movimentos que alavancaram as diversas teorias socialistas, no século 20. Por Ives Gandra Martins

Quando da queda do Muro de Berlim, tinha-se a impressão que, diante do monumental fracasso dos países sob a órbita da União Soviética e da própria URSS, a lição fora aprendida: os ideais são melhores que os resultados, entre os socialistas, e os resultados melhores que os ideais, entre os liberais.
É bem verdade que as economias de mercado sofrem, de tempos em tempos, crises cíclicas, ao contrário das economias socialistas, que vivem em crises permanentes.

O certo é que, no início do século 21, houve uma retomada da ilusão socialista. Muitos países latino-americanos passaram a explorar situações de injustiça social (índios na Bolívia, população pobre na Venezuela, índios e pobres no Equador etc) para o fim de implantar uma economia socialista, o que está levando estes países a uma degradação econômica constante e a produzir apenas petróleo e gás. A Venezuela importa 70% de seus alimentos e seu histriônico presidente destrói gradativamente o parque industrial do país, estatizando-o e gerando cada vez mais inflação e desabastecimento. Bolívia e Equador vivem também seu próprio inferno econômico socialista, com problemas que transcendem a limitada capacidade de seus líderes.

Uma das características, todavia, do socialismo, é destruir a democracia real para, no máximo, criar uma democracia formal, como Chávez, na Venezuela, que fecha as emissoras da oposição, proíbe comícios dos que lhe são contrários e prende aqueles opositores vitoriosos, num estilo que começa a aproximar-se da ditadura cubana. Apoia, por outro lado, um presidente deposto pelo Congresso Nacional, pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público, por violar a Constituição e a lei de seu país (Honduras).

Paladino das democracias, em outros países, e homicida da democracia no seu próprio, por impedir a oposição de manifestar-se, Chávez liderou, na OEA, movimento de recolocação do presidente hondurenho, no que foi seguido por todos os países latino-americanos, inclusive pelos seus dois maiores líderes, Obama e Lula.

Em seu projeto de socialização da América – pretende impor, no Mercosul, a sua filosofia bolivariana, aproveitando-se do episódio hondurenho – distorce de tal forma os fatos, que termina influenciando os demais países, ao ponto de o presidente Lula, que recentemente chamou de irmão a um ditador africano e abraçou diversos tiranetes daquele continente, ter afirmado ser intolerável uma "ditadura" em Honduras. Estranha ditadura, em que todos os Poderes cumpriram a Constituição, menos o presidente deposto.
Dias turbulentos vivemos nas Américas. A injustiça social gera o desconforto, mas também a inveja dos incompetentes, formatando crises econômicas nestas ditaduras reais, revestidas de um democratismo formal. Nossos vizinhos pretendem, agora, influenciar toda a América para que regrida ao mesmo nível que seus lideres já conseguiram impor a seus sofridos países.

Quero ver como os presidentes Lula e Obama conseguem escapar da armadilha chavista. Caso contrário, transformar-se-ão em pobres coadjuvantes no continente. JB Online - Ives Gandra Martins é professor de direito e escritor


Por Gabriela/Arthur

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