quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Isto é o comunismo, meu filho



Disse-lhe que um comunista como ele, membro do partido ainda em vida de Stalin, não podia sussurrar contra nenhuma censura. Devia querer que o nosso governo fizesse aqui o Terror stalinista. Devia querer o assassinato de milhões de brasileiros. Não era assim que Lênin e Stalin faziam com os russos? A Inteligência que pedisse liberalização tinha que ser tratada como uma cachorra hidrófoba. Mao Tse-tung vive de Terror. Vive o Terror. Mao Tse-tung é Stalin. Lênin era Stalin. Stalin era Stalin. Quem é a favor do mundo socialista, da Rússia, ou da China, ou de Cuba, é também a favor do Estado assassino.

Fiz-lhes a pergunta final: Vocês são a favor da matança do embaixador alemão. Há um silêncio. Por fim, falou o comunista: Era inevitável. E eu: Se você acha inevitável o assassinato de um inocente, também é um assassino. E era. Assassino sem a coragem física de puxar o gatilho. Parei, porque a conversa já exalava a febre amarela, a peste bubônica, o tifo e a malária. Aquelas pessoas estavam apodrecendo e não sabiam.


Rodrigues, Nelson. In O reacionário: memórias e confissões. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 168.

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