domingo, 8 de setembro de 2013

Por que espionagem é vista como um problema americano e não global?





Barack Obama prometeu explicar à Dilma exatamente como funciona a espionagem americana, mas quando será que Dilma explicará a Abin ao Brasil?


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O furor mundial sobre as atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional dos EUA dá a entender que outros governos estão se abstendo de monitorar civis. Mas relatórios recentes de empresas de tecnologia deixam claro que, de um modo geral, todos os governos estrangeiros estão agressivamente vigiando a informação alheia, assim como a NSA.

Em maio deste ano, o Facebook divulgou um relatório mostrando que atendeu a pedidos de 74 países que solicitaram dados de pelo menos 38 mil usuários no primeiro semestre de 2013. Os pedidos indicavam motivos de segurança e suspeitas criminais e pediam dados como os nomes de usuários, tempos de permanência no site, endereços de IP e às vezes até o conteúdo das páginas pessoais.




O Brasil mantém uma enorme operação de espionagem doméstica – um detalhe que o jornalista Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro, deixou de fora de suas matérias sobre a vigilância americana no Brasil. Basta lembrar que em 2008, a Abin, o órgão de inteligência brasileiro, secretamente gravou uma conversa entre o então presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres. Lula, o presidente na época, suspendeu o chefe de espionagem da agência, mas ninguém sabe quanto tempo ou quantas vezes os altos funcionários foram ou continuam sendo grampeados.

As coisas no Brasil não melhoraram desde que Lula demitiu seu espião. No início deste ano, a Abin foi acusada de espionar um movimento que se opõe à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Isso não foi um incidente isolado. Em junho os serviços de inteligência iniciaram um esforço maciço para vigiar e espionar as mídias sociais – uma reação aos protestos em massa deste ano.

Agora que Edward Snowden está refugiado na Rússia, talvez ele deva concentrar suas atenções sobre a vigilância ilegal e abusiva das agências de inteligência russas, onde, como no Brasil, os desmandos e a corrupção do governo também são notórios. Isso sim seria um ato de coragem.

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