sábado, 16 de novembro de 2013

Cadáveres e esquerda

 
 
 
 
A esquerda é fascinada por cadáveres, de modos distintos e combinados. Comecemos pelo óbvio: líder esquerdista não morre, vira múmia. Lênin, Stálin, Mao, Ho Chi Min, os coreanos do Norte Kim Il-Sung e Kim Jong-Il… Adoram ainda produzir cadáveres. Nos países em que há carne humana o suficiente, eles se contam aos milhões — só na China, 70 milhões; na antiga URSS, uns 40 milhões; mais de dois milhões no Camboja. A determinação parece ser sempre a mesma: a do estrago máximo. De uns tempos para cá, com o comunismo já enterrado, deram para desenterrar os mortos no afã de recontar a história: Pablo Neruda, Salvador Allende, João Goulart…Por duas vezes seguidas, os peritos e agentes que a ministra Maria do Rosário mandou para São Borja desenterraram os corpos errados no jazigo da família Goulart. Os serviços ocorreram durante a tarde e a noite de quarta-feira, mais a madrugada desta quinta. A missão só acertou o passo depois que foi chamado ao cemitério o filho do coveiro que enterrou Jango, já que o coveiro propriamente dito morreu há muito tempo. Imaginou-se, acertadamente, que o pai tinha contado a história do sepultamento ao filho, cuja memória ajudou os peritos na hora da remoção dos restos mortais.

O jazigo dos Goulart possui oito gavetas. Por duas vezes foram retirados despojos errados. Todos os cadáveres da família estão em mau estado de conservação, e foi impossível identificar os restos mortais de Jango visualmente. Não foi a única trapalhada. É que, por falta de instrumentação adequada para a remoção, foi chamado o dono da maior funerária local, que acabou acudindo os agentes do governo federal.

Somente à 4 h da madrugada de hoje [quinta-feira] os restos mortais de Jango foram reconhecidos, embalados e levados ao aeroporto da cidade. Eles não foram conduzidos à base aérea de Santa Maria, como estava previsto, porque não havia mais tempo para cumprir a programação elaborada pela ministra Maria do Rosário, que previa recepção em alto nível por parte da presidente Dilma Roussef em Brasília. A urna com os despojos de Jango seguiram para Brasília em avião da FAB.

Em São Borja, muita gente pensa que podem ter ido os despojos errados.

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