sexta-feira, 19 de julho de 2013

"Rolling Stone"- Rodrigo Constantino



É difícil ver a infeliz capa da "Rolling Stone" e não pensar no livro que acabei de ler de Mario Vargas Llosa, A civilização do espetáculo. Escrevi aqui sobre esse pessimismo mais "conservador" do Prêmio Nobel de Literatura.

O fato é que ele pode ter até exagerado na dose, mas não errou na direção. Vivemos tempos estranhos, em que tudo parece voltado ao espetáculo, ao entretenimento light, até mesmo uma desgraça desse calibre, como a ocorrida em Boston.

O que a revista fez foi ajudar a glamourizar um terrorista, a tratá-lo como celebridade cool, influenciando negativamente os jovens leitores. Como alertou Andy Warhol, todos terão seus 15 minutos de fama. O lamentável é constatar que alguns conseguem buscar isso com a desgraça alheia. Diz a reportagem no G1:

A revista americana "Rolling Stone", especializada em música, cinema e televisão, apresenta na capa da mais recente edição o jovem Dzhokhar Tsarnaev, acusado dos atentados da maratona de Boston de abril, o que gerou uma avalanche de críticas.

Com o olhar melancólico, o cabelo caindo sobre os olhos e barba por fazer, Tsarnaev parece pensativo na fotografia, que não teve a data revelada. Ele usa uma camisa branca e aparece contra uma parede, também branca.

Os apresentadores do "Today Show", o programa matutino do canal NBC, afirmaram que o jovem tinha um ar de Jim Morrison, o cantor do grupo The Doors que a revista colocou na capa em 1991, no aniversário de 20 anos da morte do astro.

A imagem ilustra a principal reportagem da revista, que é quinzenal, na qual a jornalista Janet Reitman descreve Dzhokhar Tsarnaev como um "estudante brilhante e promissor, rejeitado pela família, que cedeu ao islamismo radical e virou um monstro".

Mas a foto, que dá um ar idealista a Tsarnaev, provocou uma avalanche de críticas em um país que ainda está traumatizado com os ataques de Boston.

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