Milton Pires - CREMERS 20958 - Publicado Originalmente no Ataque Aberto
Meus caros colegas, para quem está sem emprego ou ganhando pouco, chegou uma nova opção - o Bolsa Padilha. O Bolsa Padilha é um programa do governo federal destinado a todo colega brasileiro disposto a trair tudo que jurou e esquecer tudo que apreendeu.
Exige-se, já vou avisando, um certo currículo anterior. Durante a faculdade, por exemplo, é necessário ter sido um daqueles caras que arrancavam cartazes de prova de monitoria para não serem vistos pelos colegas, é importante também ter viajado para Cuba e, acima de tudo, ter usado o dinheiro da Formatura para organizar o ENEM. Uma boa relação com o DCE, seja ele qual for, conta muito. O mais importante de tudo, porém, para candidatar-se ao Bolsa Padilha (além de saber falar espanhol é claro) é acreditar que ser médico é “mudar a sociedade” e não “somente” tratar de pessoas doentes.
O Bolsa Padilha foi criado depois de uma reunião em que estavam presentes Marilena Chauí, Emir Sader e Marta Suplicy. Escutando “Vaca Profana” de Caetano Veloso, e tomando pequenos goles de
Dom Pérignon Oenothèque 1996 (R$ 2.100 a garrafa) enquanto se lembravam da época em que “lutaram pela democracia” no Brasil, eles tiveram essa idéia de “ajudar” os médicos que estiverem dispostos a aceitar que “uma nova realidade é possível” e ir para o interior..
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