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“O caudilho venezuelano Hugo Chávez construiu em seu entorno um sistema de governo personalista que requer sua específica supervisão e participação, ou seja, sem Hugo Chávez o regime atual fatalmente se esfacelará e desaparecerá. Adicionalmente, Chávez criou um sistema de estruturas de respaldo político que são passíveis de confrontações entre elas para não incentivar sua remoção”, ressaltou o informe escrito em julho do ano passado. “É por esse sistema que nós consideramos que a remoção de Chávez do poder seria um evento que desestabilizaria significativamente o país”, enfatizou.
Chávez, que regressou na sexta feira à Venezuela após ser submetido a outra cirurgia em fins de fevereiro em Havana, insiste em que “se recupera satisfatoriamente e que será o candidato” da situação nas próximas eleições presidenciais de outubro.
No entanto, insistentes versões com base em dados médicos que vazam para a mídia regional asseguram que ele está muito mais enfermo do que deixa entrever, e pessoas que afirmam ter tido acesso a informação médica detalhada sobre seu estado de saúde assinalam que o prognóstico que lhe foi dado situa seu prazo de vida 12 e 16 meses.
A doença do caudilho gera dúvidas sobre o que acontecerá no cenário político do país caso ele se veja obrigado a se afastar do governo, tanto por morte como absoluta incapacidade física de governar, ante o risco de que seus diversos pilares de sustentação, que incluem grupos paramilitares arregimentados pela ‘revolução’, os militares, e os agentes da penetração cubana, lutem entre si para tentar controlar a enorme renda petroleira do país.
Nenhum deles, de fato, poderá atuar abertamente enquanto Chávez continuar vivo ou ativo. O relatório da STRATFOR assinala que Chávez continua sendo o líder político mais popular do país, inclusive a pesar de ter demonstrado ser ineficiente ao tratar dos principais problemas sociais durante seus 13 anos de governo. Sua popularidade é produto de seu enorme carisma, da elevada conexão emocional que mantém com os setores populares e a prioridade de gasto social além da execução de políticas populistas com uma retórica demagógica que constantemente se diz a favor da “redistribuição da riqueza”, mesmo que, na prática, nada disso ocorreu até agora. O capital sumiu do país e com ele os capitalistas e a pobreza nunca se agudizou tanto no país, onde faltam gêneros de primeira necessidade para a maior parte do povo, tal qual ocorre há anos em Cuba. Claro que, como seu parceiro Fidel Castro, Chávez culpa unicamente o “império” ianque por tudo isso...
As ‘políticas sociais’ levadas a cabo exercem um alto custo para o erário do Estado, cuja arrecadação fiscal tem caído vertiginosamente com o despencar da atividade econômica e hoje o país praticamente só conta com as rendas do petróleo para subsistir. Nos últimos anos de seu mandato, Chávez tem contado com uma enorme renda petroleira que lhe tem permitido financiar seus programas, graças aos preços do petróleo terem quadruplicado desde que assumiu o poder em 1999.
Todavia, a produção petroleira está em franca deterioração, diminuindo algo em torno de 25 por cento, dos 3,2 milhões de barris/ dia, em 2001, ao estimado 2,4 milhões de barris/dia em 2010, assinalou o relatório de inteligência. Tal diminuição é atribuída pelo informe ao escasso investimento realizado pela estatal ‘Petróleos de Venezuela S.A’. (PDVSA), em obras de prospecção e produção, necessárias para contrabalançar o declínio natural dos poços em produção atualmente existentes.
Sobre produzir uma tentativa de mudar o regime, a posição das Forças Armadas seria determinante, mas os autores do relatório de inteligência disseram que os militares dificilmente tomariam tal iniciativa. “É improvável que os militares façam algo além de dar respaldo – o mínimo que fariam seria recusarem se envolver [em qualquer conflito] – ao atual regime antes que se apresente um cenário de real desestabilização institucional”, assinalo o informe. “Inclusive em tempos de turbulência, os militares dariam um passo atrás e não participariam do conflito até que se certificassem de que o atual governo tenha perdido sua legitimidade”.
Um dos grandes problemas que frustraria uma tentativa das Forças Armadas em ter um protagonismo na mudança do regime é a falta de unidade interna e de ressentimentos e rivalidades que Chávez sempre tratou de estimular. “É graças a possíveis elementos dentro das Forças Armadas virem a cometer erros de cálculo, e ajam antes que Chávez tenha perdido por completo a sua legitimidade. Nesse cenário, os choques entre as diferentes facções militares não podem ser descartados”, sustentou.
O regime por outro lado, conta com as ‘Milícias Bolivarianas’, criadas precisamente para que ajam como contrapeso das Forças Armadas. “Organizadas ao longo das periferias das cidades venezuelanas e no campo, as ‘Milícias Bolivarianas’ são uma espécie de apólice de seguros de Chávez contra um golpe de Estado. Ao armar os cidadaos, Chávez tem feito com que qualquer ação direta contra seu governo seja mais incerta e tem aumentado as probabilidades de que qualquer ameaça contra seu governo desencadeie uma onda generalizada de violência no país”, declarou o relatório.
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