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A menos de 24 horas da chegada do papa Bento 16 a Cuba, opositores do governo comunista da ilha afirmaram ontem que ao menos 70 de seus apoiadores, entre eles 25 mulheres do grupo Damas de Branco, foram detidos por agentes do Estado. A maior parte das prisões aconteceu em Santiago de Cuba, no leste, cidade onde desembarcará o papa hoje. Os números são da ilegal, mas tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional e das Damas de Branco, que protestaram ontem em Havana.
As detenções parecem não ser suficientes para dissuadir os opositores de irem às missas celebradas por Bento 16 -hoje em Santiago e a segunda e última em Havana, na quarta-feira. Ontem, na capital, a porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, exortou suas companheiras a desafiarem o governo e participar das atividades ignorando advertências feitas por policiais e cercos formais e informais nas casas das ativistas. “Casa não é calabouço. Se quiserem nos impedir, que nos prendam”, disse Soler.
“Eles apareceram na minha casa às 6h da manhã e disseram que eu não viesse que ia ser candela [ia pegar fogo], que eu ia ficar presa até o papa ir embora”, disse Elza Sarduy, 27, também “dama”. “Não vamos lá fazer política”, disse Soler, que voltou a pedir audiência de “ao menos um minuto” com o papa.
Momentos antes, Soler liderara a marcha silenciosa das mais de 30 mulheres de branco presentes pelo canteiro central da 5ª Avenida de Miramar, coalhada de representações diplomáticas. O cortejo foi seguido por ao menos o dobro de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, uma não usual profusão de imprensa estrangeira credenciada oficialmente para registrar a visita de Bento 16. A manifestação é um dos mais emblemáticos e resistentes símbolos da diminuta e pulverizada oposição.
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Por Reinaldo Azevedo
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