Pratica sempre o crime, consciente, ferindo, dissimulado.
Sê sempre mau e faz sugerir aos outros que és bom, sê sempre torpe dizendo-te honesto. Nada de violências.
Hipócrita, cauteloso e subtil, conseguirás tudo, serás tudo, terás tudo. Uma hora de amor duma casada, uma condecoração, um emprego, a confidência dum segredo que compromete, dum vício que aviltece.
Para isso é necessário saberes insinuar-te, que a questão está em ter manha.
Dissimula rindo, ri reflectindo. As tuas ambições, os teus egoísmos, os teus vícios e as tuas qualidades, tudo isso se mascara. Chama-se fidalguia à ambição, ao egoísmo desinteresse e ao vício honradez.
É só trocar os rótulos ao sentimento.
A mulher que se não dá, viola-se, mas nunca empregues violência. Sê pequenino, diabólico e traidor, inofensivo e paciente e ela te abrirá os braços sorrindo.
Sê inacessível à piedade, à compaixão, ao amor.
Despreza sempre os outros. Quem sabe se a sua torpeza será maior do que a nossa. Lembra-te que há muito canalha por esse mundo que nunca conseguiu nada porque não soube orientar a sua canalhice.
O Mal e o Bem, a Verdade e a Mentira, o que são? Palavras, só palavras, nada mais.
O homem é um enigma. Quem sabe quantas raivas eu tenho quando estou rindo?
Quem sabe se eu falo mentira, se eu digo a verdade? Pode alguém ao certo saber alguma coisa?
O riso e o choro são duas máscaras iguais. E a ciência da vida é sabê-las afivelar na oportunidade. Se alguma coisa quiseres ser tens que ser assim por força.
Crônica de sexta, Vitor Bertini - A pena
Há 19 minutos
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