terça-feira, 16 de julho de 2013

DESABAFO



Se me permitem, vou fazer um desabafo. Desde abril de 2006, quando o Aerus sofreu intervenção, venho sendo envenenado dia a dia pelo vírus da indiferença. Nesses quase seis anos em que milhares de aposentados e pensionistas viram esmigalhado o seu direito a uma velhice digna, eu vi minha capacidade de me compadecer do próximo minguar junto com os vencimentos cada vez mais parcos. Com a falta de vontade do governo de fazer um acordo.
 


Já em 2008, ano da tragédia de Santa Catarina, eu notava que pouco me importava o drama das famílias que perderam casas e vidas com as chuvas e enchentes. Era algo triste de se notar... Afinal, e o nosso drama?? Silencioso, em que as casas são destruídas sem imagens impactantes de primeira página e as vidas são levadas vagarosamente (a cada quatro, cinco dias, é um aposentado Aerus que falece)? Não seria tão "grandioso" quanto?
Se o governo liberava verbas para reconstruir aquelas cidades, por que não entrava logo num acordo conosco também??
 


Depois vieram os terremotos no Haiti e no Chile, ambos em 2010, as tragédias em Angra dos Reis e na região serrana do Rio, no início de 2011, e, mais recentemente, as enchentes no Acre. O governo prontamente estendeu a mão para as mazelas geradas por aquelas catástrofes. Para a nossa, nada mais que acenos que nem sequer se envergonham de apenas gastar o tempo de que já não dispomos.
Não merecemos essa desatenção do governo: nós também estamos em situação de risco -- e há muito tempo! Dos nossos colegas, 632 já se foram sem ver uma solução para esse que, tenho certeza, é um dos maiores dramas silenciosos da sociedade brasileira dos últimos tempos.
Não quero ser um aposentado embrutecido pela amargura. Quero me reencontrar com a pessoa alegre e solidária que um dia já fui. E uma Justiça veloz seria o único remédio para trazer o meu amor ao próximo de volta, junto com a minha dignidade.
O momento é agora, o tempo urge.

Aposentado Varig/Aerus - 77 anos (seis deles, vegetando)


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