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A notícia saiu ontem no jornal italiano Corriere della Sera, e eu mal acreditava no que estava lendo. Cheguei a achar, por alguns instantes, que se tratava de uma alguma piada, uma ironia que eu não estava compreendendo direito, algo assim. Mas não! Era tudo verdade! Há mesmo uma ONG, a Gherush92, que reúne intelectuais e que goza do status de assessoria especial do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, que quer banir a Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321), das escolas da Itália. Trata-se apenas da obra mais importante da literatura italiana e de uma das principais referências da literatura ocidental. A Gherush92 diz lutar contra o racismo, a discriminação dos povos indígenas, das crianças, mulheres etc — agora, luta também contra Dante!
Valentina Sereni, a presidente da entidade que quer banir Dante das escolas italianas, diz que a obra apresenta um conteúdo ofensivo e discriminatório contra homossexuais, islâmicos e judeus. Segundo Sereni, esse conteúdo é ensinado sem quaisquer filtros ou consideração crítica. Assim, chega de Dante! Ela se incomoda, em especial, com os cantos XXXIV, XXIII, XXVIII e XIV. Segundo a moça, o Judas de Dante é a representação do Judas do Evangelho, fonte do anti-semitismo. “Estudando a Divina Comédia, sustenta a Gherush92, os jovens são expostos, sem filtros e sem crítica, a uma obra que calunia o povo hebreu”. No canto XXIII, destaca Sereni, Dante pune o Sinédrio, Caifás, Ana e os fariseus.
Ela também considera inaceitável o Canto XXVIII, do Inferno. Dante descreve as penas horrendas que sofreram os semeadores da discórdia. Maomé é apresentado como líder de um cisma religioso, e o Islamismo com uma heresia. Ao profeta é reservada uma pena atroz: um demônio passa a eternidade a lhe rasgar o corpo, de modo que o intestino lhe pende entre as pernas. Dante também não perdoa os sodomitas, os que mantêm “relações sexuais contra a natureza”, e os heterossexuais lascivos. Ela não pode aceitar. E afirma: “Nós não defendemos a censura, mas queremos que se reconheça, de forma clara, sem ambiguidade, que, na Divina Comédia, há um conteúdo racista, islamofóbico e anti-semita
No Brasil, os gênios de Fernando Haddad já tentaram censurar Monteiro Lobato. Acabaram desistindo. Comentando a questão, em outubro do ano passado e ao retomar o assunto, na semana retrasada, quando veio à luz a tentativa de reescrever o Dicionário Houaiss, perguntei se alguém proporia a censura a Shakespeare, na Inglaterra, porque “Mercador de Veneza” é anti-semita, ou a Alexandre Herculano, em Portugal, porque o livro “Eurico, O Presbítero” é islamofóbico.
Não! Dona Valentina Sereni e seus amigos são só pilantras intelectuais treinados para odiar o cristianismo e o mundo Ocidental. A defesa que faz das supostas vítimas de Dante (Santo Deus!) é só um pretexto verossímil para disseminar esse ódio. No mês passado, a Newsweek publicou um texto de Ayaan Hirsi Ali, esta mulher que é exemplo de luta e coragem. Chama-se “O crescimento da cristofobia”. Ela evidencia com fatos e números o que tenho afirmado há cinco anos neste blog: a religião mais perseguida do mundo hoje é o cristianismo. E seus assassinos são radicais islâmicos. Não obstante, o quase monotema da imprensa ocidental é a “islamofobia”. Ayann, nascida na Somália e vítima de brutalidades inomináveis, denuncia o bem-sucedido lobby de grupos islâmicos junto ao jornalismo ocidental para transformar algozes em vítimas e vítimas em algozes.
A cristofobia e o ódio ao Ocidente já puseram Dante na lista dos autores proibidos. Chegará a hora de Shakespeare, Chaucer, Camões, Milton, Cervantes… — toda essa gente asquerosa que construiu esse mundo ocidental de horrores, que dona Sereni e sua corja detestam.
reinaldo azevedo
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