O choro (Dilm a chora muito raramente) de Dilma Roussef não teve nada de emotivo, mas teve muito de emoção, sentimento causado neste caso pelas pressões que ela sofre e diante das quais pouco pode fazer.
Pela primeira vez na sua vida, Dilma não tem a quem recorrer, senão a si mesma, o que é alguma coisa tormentosa para uma tecnoburocrata, no caso de forte viés político, mas ainda assim uma tecnoburocrata acostumada a seguir ordens e ter alguém a quem recorrer em caso de dificuldade - ou fugir, quando estiver sem respaldo. Quem conhece Dilma, sabe do que fala o editor. O caso do manifesto anti-PT do PMDB foi apenas um dissabor, entre tantos dissabores pelos quais ela passou esta semana.
CORONEL- BLOG
Quando Amorim e Dilma decidiram dar um chilique, contrariando o conteúdo da lei 7524/86, o segundo manifesto contava com 98 assinaturas — 13 generais. No momento, já são 386 adesões, com 42 oficiais-gerais, dois deles ex-ministros do Superior Tribunal Militar. Quem está incitando o confronto é Amorim, que é dado a demonstrações ociosas de autoridade.
Que se reitere: ninguém aqui ou fora daqui está incitando indisciplina militar. Ao contrário: entendo que os militares da ativa, os da reserva, o ministro da Defesa e a presidente da República estão obrigados a cumprir a lei. Ponto final. Caso Dilma e Amorim insistam, as advertências serão aplicadas, e os punidos podem recorrer à Justiça. Havendo o triunfo da lei — que é explícita a mais não poder —, terão todos a devida reparação. No Estado de direito é assim.
Eis, em suma, uma crise inútil. Lula é quem é, mas se diga uma coisa em seu benefício. Jamais teria caído nessa roubada. Quando menos, Nelson Jobim lhe teria dito que o confronto era uma desnecessidade e que os efeitos do primeiro documento seriam mínimos. Tudo teria sido resolvido na conversa. Amorim, o megalonanico belicoso, resolveu agir de modo diferente: “Pega eles, Soberana; pega eles! Estamos sendo desrespeitados!” Eis aí o resultado.
REINALDO AZEVEDO
sábado, 3 de março de 2012
Quando Dilma e Amorim decidiram punir reservistas, havia 98 assinaturas em documento; agora, já são 386; havia 13 generais; agora, há 42, dois ex-ministros do STM
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