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COMENTÁRIO
Por Jorge Serrão
Assusta e causa estranheza a blindagem política do governador do Rio de Janeiro no escândalo que parece ligar tudo e todos a Carlinhos Cachoeira. Sérgio Cabral Filho conta com uma forte proteção – sobretudo da mídia – para que nada de mais consistente e comprometedor seja divulgado sobre suas ligações pessoais com Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, um dos centros de operação do lobista e contraventor Cachoeira. As denúncias atingem o senador Demóstenes Torres, o governador goiano Marconi Perillo, o governador do Detrito Federal Agnelo Queiroz, deputados da oposição, mas não chegam até Cabral e outros petralhas.
Enquanto nada suja seu nome diretamente, Cabral ainda posa de bom moço. No sábado, a assessoria dele soltou uma nota em que o governador fluminense comenta que “jamais imaginou que a Delta fizesse negócios com um contraventor no Centro-Oeste brasileiro”: “Nunca misturei amizade com interesse público”. Sérgio Cabral se inspirou no apedeuta Lula da Silva – que nada sabia sobre qualquer coisa que fosse denunciada de errado em seu governo. Aliás, ao fomentar a CPI do Cachoeira, Lula teria pedido aos petistas e aliados para pouparem o “amigo” Serginho Cabral.
Só no ano passado, o Governo Cabral reservou para pagar R$ 36 milhões à Delta por serviços e obras contratados, sem licitação. Pelos dados obtidos no Sistema de Administração Financeira do Estado (Siafem), entre julho e dezembro de 2011, foram empenhados R$ 22,7 milhões para a Delta. Este ano, foram mais R$ 13 milhões. Em cinco anos, a Delta faturou R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo Cabral. Mas ele jura que nada sabia sobre os negócios do íntimo amigo. A Velhinha de Taubaté acreditará no Cabralzinho...
Inimigo figadal de Cabral, Antony Garotinho quer ver a caveira de seu ex-aliado e revelou provas da intimidade entre o governador do Rio e o empresário Fernando Cavendish – que também fez jogo de cena ao se afastar do comando da Delta. O ex-governador e atual deputado federal Garotinho, desde quarta-feira passada, publica uma série de fotos e um vídeo (acima) que ligam, umbilicalmente, Cabral a Cavendish. O mais escandaloso deles é do jantar no restaurante do Hotel de France, em Mônaco, em 17 de setembro de 2009.
As imagens mostram a luxuosa comemoração do aniversário da mulher de Cabral, Adriana Anselmo. Cavendish aparece com sua então noiva, Jordana Kfouri, o secretário estadual de Saúde, Sergio Côrtes, e esposa, além de um casal não identificado. Cabral até incentiva o amigo a a marcar logo o casamento com Jordana e planeja detalhes das comemorações. Tragédia do destino, Jordana faleceu em junho de 2011, no acidente de helicóptero que matou outras seis pessoas (entre elas a namorada do filho de Cabral) que iam para a festa de aniversário de Cavendish, em Porto Seguro.
Cabral agora tenta fugir de ligações com Cavendish, depois que relatórios da Polícia Federal, na Operação Monte Carlo, acusam a Delta de ser a financiadora de empresas fantasmas criadas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. O governo fluminense também solta notas para alegar que Cabral esteve na França (aliás, não sai de lá), em viagem oficial. E o governador, mesmo viajando a trabalho, jura que todas as despesas de luxo foram pagas do seu próprio bolso. Inclusive o jantar de 7 mil euros em Mônaco. Cabral merece aplausos do eleitor fluminense, por ser um governante que paga para trabalhar, mesmo representando o estado em Paris ou em outros paraísos fiscais menos votados, como Mônaco, Ilhas Jersey e adjacências.
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