sábado, 14 de julho de 2012

EDUCAÇÃO- CORREIO BRAZILIENSE



Tivesse o país — independentemente do partido no poder — uma política educacional séria, o ensino ainda não seria tão sofrível a ponto de a quinta maior economia do planeta se colocar em humilhantes 87º lugar entre 142 nações quando se avalia a qualidade do ensino básico e em 57º em relação ao superior. Tampouco sua população com diploma universitário estaria tão aquém, por exemplo, da dos vizinhos Uruguai e Chile, que, em escolarização desse nível, ostentam taxas brutas de 63% e 59%, respectivamente, contra índice brasileiro de 36%


No ranking do Times Higher Education, entidade britânica reputada como das mais importantes do mundo em avaliação da educação, apenas a Universidade de São Paulo (USP), entre todas as brasileiras, está na lista das 100 mais bem colocadas — assim mesmo, numa posição indefinida, que oscila entre a 61ª e a 70ª. Não é de estranhar, pois, que os professores da rede pública de ensino superior estejam de braços cruzados desde 17 de maio, com a solidariedade de estudantes e funcionários. Pior seria a acomodação diante de um quadro de extrema deficiência.


Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o movimento abrange 95% das universidades federais e dos institutos federais de educação, além de todos os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets). Estarrece que a principal reivindicação seja básica: a reestruturação do plano de carreira. Sem entendimento, a educação certamente desce mais alguns degraus, enquanto os estudantes ficam sem aula.


Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a greve é precipitada. Argumenta que o plano é para vigorar em 2013 e que o Ministério do Planejamento retomará as negociações esta semana. Diante dos mais de 50 dias de paralisação no primeiro semestre, já comprometido, melhor considerar que a solução é que vem sendo demasiadamente procrastinada. O prejuízo inclusive afeta duplamente o segundo período do ano letivo: com o atraso no calendário e com a suspensão das matrículas dos estudantes aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), cujo prazo seria encerrado em 2 de julho, foi adiado para amanhã e agora tornou-se uma incógnita.

Priorizar a educação não parece estar na pauta do governo, que destina ao setor 5,1% do PIB e resiste à decisão da comissão especial da Câmara dos Deputados de aumentar os gastos para 10%. Dizer que estamos no patamar de países desenvolvidos (a média do G-7, grupo das sete maiores economias, é de 4,9%) não serve de consolo, pois temos enorme atraso a superar. Aliás, mais do que destinar recursos volumosos, importa assegurar a eficiência dos investimentos.A qualidade do ensino passou a ser mensurada no país na década de 1990. Mas pouco se avançou nesse quesito desde então. Apesar da falta de mão de obra qualificada, escolas e universidades não conseguem se tornarem atraentes. E só o serão quando contarem com corpos docente e discente preparados e satisfeitos.


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