“A Copa e Olimpíada são importantes, mas não estamos olhando só para a Copa ou Olimpíada”, fantasiou Dilma para justificar a pressa e a súbita descoberta dos encantos da privatização. “É preciso que os aeroportos estejam prontos para atender a demanda da população, que é atual”. Se é assim, por que não se começou a fazer até antes de 2006 o que só agora é esboçado, a pouco mais de três anos da Copa? Se é assim, por que Dilma se contentou com a inauguração de pedras fundamentais?
A causa da correria nem é o medo da vergonha ─ esse sentimento foi revogado há muito tempo por Lula e seus devotos. É o medo das urnas. Quando a Copa começar, os candidatos à Presidência já terão entrado em campo. Aeroportos em frangalhos não melhoram a vida de caçadores de votos. Ao medo das urnas se soma o entusiasmo com obras dispensadas de licitações. Enquanto os brasileiros comuns se angustiam com o pesadelo, os incomuns dormirão o sono de quem sonha com cifrões.
Neste fim de abril, Dilma admitiu que as promessas que vendeu ao lado do padrinho só foram cumpridas no Brasil Maravilha registrado em cartório. A demora foi tanta que os aeroportos não estarão prontos mesmo com anabolizantes bilionários. Herança maldita é isso aí.
AUGUSTO NUNES
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