domingo, 9 de junho de 2013

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL-O novo mecenas do futebol e seus sócios involuntários


Queiramos ou não, somos todos acionistas da Caixa e nos tornamos, indiretamente, patrocinadores de clubes com os quais não temos qualquer afinidade
por João Luiz Mauad -- 6 de junho, 2013




A Caixa Econômica Federal é o mais novo milionário patrocinador do futebol brasileiro. Primeiro, foi o Corinthians, depois veio o Flamengo, que detêm as duas maiores torcidas do país. Em tese, tal fato justificaria os patrocínios. Mas o que dizer de Figueirense e Avaí, ambos de Florianópolis, SC? E Atlético Paranaense e Coritiba? Com boa vontade, poderíamos admitir que são todos times de primeira divisão, ou que haveria uma estratégia de marketing voltada para a Região Sul do País.

A coisa ficou estranha  e bem mais clara  no momento em que alguns políticos começaram a intervir, escancaradamente, no sentido de abocanhar uma parte do butim para os clubes sediados em seus currais eleitorais. Foi o caso do contrato assinado pela CEF com o ASA de Arapiraca  um insignificante clube do interior de Alagoas -, intermediado pelo notório senador Fernando Collor, aliado de última hora do PT. Imediatamente, o presidente da Câmara, Henrique Alves, outro emérito aliado do Palácio do Planalto, defendeu que a Caixa patrocine também os clubes do Rio Grande do Norte  ABC e América.

Raramente podemos testemunhar exemplos tão perfeitos e acabados das diferenças entre as administrações pública e privada. Enquanto esta pauta suas decisões em aspectos econômicos, financeiros e mercadológicos, aquela está permanentemente refém de decisões políticas.

Mas o pior de tudo, entretanto, talvez esteja num aspecto pouco comentado, embora absolutamente perverso. Todos nós, contribuintes, somos sócios involuntários de empresas públicas, como a CEF. Não há alternativa possível, já que os impostos que pagamos são compulsórios e é com eles que o governo forma o capital dessas empresas. Queiramos ou não, portanto, somos todos acionistas da CAIXA e nos tornamos, indiretamente, patrocinadores de clubes com os quais, muitas vezes, não temos qualquer afinidade. No meu caso particular  tricolor de coração -, é duro saber que o meu dinheiro está financiando o fortalecimento do nosso maior rival e eu nada posso fazer a respeito. Se isso não é escravidão, então não sei o que é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário