terça-feira, 16 de julho de 2013

MÉDICOS FAZEM ESCOLHA DE SOFIA



Entre os dramas que vivenciei sendo médico nesse governo perverso, o mais angustiante foi fazer a "escolha de Sofia" (essa expressão refere-se ao filme homônimo, em que Sofia, presa num campo de concentração, é obrigada pelos nazistas a escolher qual de seus dois filhos será morto, se ela não fizer a escolha, ambos serão sacrificados):
 


- Sendo o único neurocirurgião de plantão, escolher quem irá sobreviver entre dois ou três pacientes que precisam de cirurgia urgente, pois não há como um médico operar mais de um paciente ao mesmo tempo!
 


- Tendo nas mãos uma lista imensa de doentes graves que aguardam meses por sua cirurgia, definir os escolhidos da semana (inúmeras vezes fiz a retirada total de um tumor e o paciente obteve alta cego ou paraplégico, porque foi operado tardiamente)!
 


Agora eu pergunto: após um curso médico de oito anos, quem irá encarar uma residência de neurocirurgia de cinco anos, recebendo um salário dez vezes menor do que aquele que poderia receber no programa mais médicos? Eu com certeza não encararia (é, no mínimo, aviltante, o doutor do mais médicos me encaminha os casos que ele não resolve e eu ganho muito menos que ele).
Portanto, entre os efeitos danosos da medida irresponsável do governo petista, estará a falta de especialistas. Isso porém não afetará a casta governante, que se trata no Hospital Albert Einstein ou no Sírio Libanês. Ao pobre, no entanto, restará uma chance maior de ser "o filho preterido de Sofia".
Dr. Luiz Coutinho Dias Filho - Neurocirurgião.

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