domingo, 13 de fevereiro de 2011

PT 13. PARTE 3. ELES CONTINUAM

Maria Lucia Victor Barbosa

13/02/2011

A propaganda é um ardiloso método que possibilita ir ao encontro da necessidade dos homens de serem enganados ou de se alienarem a um ídolo para o qual transferem suas supostas melhores qualidades. A criatura humana ama a mentira porque precisa de sonhos e os propagandistas sabem muito bem disso.

No caso específico dos políticos, se sua constante autoglorificação é tão velha quando o mundo e parece ultrapassar a dos demais indivíduos, não dispensam, contudo, a ajuda dos marqueteiros. Entretanto, prefiro como coloquei incialmente, usar com relação à política, a ajuda dos propagandista, na medida em que a propaganda objetiva difundir doutrinas e programas.

Foi a partir da Primeira Guerra Mundial que se deu o uso oficial da propaganda. Usada de forma sinistra, repugnante e mentirosa nos sistemas totalitários, comunista e nazista, não excluiu nos dias de hoje a manipulação das opiniões por um indivíduo ou grupo a fim de alcançar seus próprios fins. Transforma-se, assim, a propaganda numa tremenda arte de manipulação que induz pessoas a acreditarem no que não existe. Iludida, a maioria é conduzida para desfechos que lhes são traçados por vontades alheias à sua, sem sequer perceber o ardil.

Á partir da ajuda da propaganda o político constrói uma imagem na qual seleciona seus melhores traços, geralmente imaginários e plenos de narcisismo e, desse modo, se oferece para o culto de sua personalidade.

Foi desse modo que o raivoso Lula dos palanques, que manda exterminar partidos, adora ditadores quando lhe convém, mostra seu desgosto pela imprensa livre foi transformado para ganhar eleição no “Lulinha paz e amor”, de terno Armani, barba aparada, discurso adequado para não amedrontar capitalistas com a toada revolucionária da luta de classes. No poder Lula lembrou Mussolini que desejava “fazer da própria vida sua obra-prima”.

Lula logrou eleger sua sucessora e imediatamente a propaganda começou construir a imagem de Rousseff baseada na reclusão na qual ela parece se refugiar por, talvez, lhe faltar aquela tarimba política que faz a delícia das multidões, o raciocínio apto a responder de pronto ás perguntas de jornalistas e certo grau de bom humor para compensar a aspereza no trato. Mas, como num passe de mágica, a propaganda construiu para Rousseff a imagem idealizada de uma rainha distante, romanticamente resguardada em sua torre de marfim.

Apesar da propaganda, Rousseff começa seu “reinado” com grandes dificuldades oriundas do governo do qual participou, sendo que a mais grave de todas a inflação que já galopa de modo descontrolado. Em busca de continuidade Lula acabou largando várias granadas sem pino no colo da sucessora.

Como explicou Celso Ming referindo-se ao recente pacote governamental do corte de R$ 50 bilhões, do qual muitos duvidam da eficácia: “Se agora fica admitida a necessidade de cortes, então fica também reconhecida a existência da inflação de demanda, provocada pela forte geração de renda que se seguiu à disparada do gasto público com fins eleitorais, que, por sua vez, gerou forte descompasso entre procura e oferta de bens e serviços” (O Estado de S. Paulo – 11/02/2011).

Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, tem à frente pesada herança maldita que inclui apagões que vêm acontecendo com frequência, sendo que o último atingiu no dia 4 deste mês oito Estados do Nordeste. A tendência é piorar enquanto os brasileiros pagam pela energia um dos preços mais altos do mundo.

Problemas seríssimos como o dos aeroportos, da Saúde, da Educação, da Copa do Mundo com orçamento já estourado e obras atrasadas, das Olimpíadas e muitos outros mais, todos herdados do governo Lula vão deixar a “rainha” cada vez mais enfurnada em seu castelo restando-lhe o gênero clássico de apresentação na TV, a alocução, quando o governante monologa e se dirige diretamente aos telespectadores. O resultado geralmente é tedioso e medíocre como aconteceu com recente aparição de Rousseff.

Não há dúvida de que o atual governo tem a marca do continuísmo, apesar de já ter começado a inevitável comparação entre Lula e Rousseff. Note-se que os ministros mais importantes são os mesmos, reconduzidos por Lula que já voltou aos palanques e confirmou sua continuidade na festa de aniversário do PT ao dizer: “Eu apenas não estou no governo”. “Mas sou governo como qualquer companheiro que está no governo”. “Minha relação política com Dilma é indissociável nos bons e nos maus momentos”.

Os companheiros de governo que estavam na festa de 31 anos do PT para saudar seu presidente de honra e desagravar José Dirceu eram os mesmos “mensaleiros”, especialistas em dossiês, governadores e ministros, alguns com problemas na Justiça. José Dirceu, que nunca saiu, diz que volta. Delúbio também. Todos continuam prontos para espanar a cadeira onde Lula pretende se sentar novamente em 2014. Afinal, a propaganda pode persuadir a maioria de que ele é o rei bom e que todas as ruindades ficaram por conta da rainha má. Esse é o enredo onde eles continuam.

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