domingo, 3 de abril de 2011



O bolsa-família ajuda os pobres? De modo direto, sim. É mais dinheiro no fim do mês. Por outro lado, se cada família faz cada vez mais filhos para continuar ganhando o sustento governamental, cria-se uma espécie de círculo vicioso que gera cada vez mais "pobres" na fila para receber o subsídio. Então, em vez de diminuir progressivamente o número de dependentes, parece tender a aumentá-lo. Há pequenas cidades do nordeste com mais de 70% da população recebendo o benefício.

Alguns observam que programas de assistencialismo criam dependência do Estado e desestimulariam a pessoa a trabalhar. Afinal, uma das coisas mais difíceis é ter que abandonar um benefício recebido. Tanto que muitos escondem suas fontes de renda paralelas ou então fazem filhos para continuar recebendo a bolsa depois que o filho cresce. Essa dependência não se dá apenas entre os mais pobres: nos EUA, um maluco escondeu o cadáver da mãe morta no
freezer apenas para poder continuar recebendo o dinheiro da aposentadoria dela.

O bolsa-família ajuda os pobres? Sim, e também
ajuda o governo Lula:
Da eleição para a reeleição, o presidente aumentou os votos em todas as cidades com mais população atendida pelo Bolsa-Família, registrando, em alguns casos, votações fenomenais: os 3.408 votos de Araioses (MA), em 2002, por exemplo, viraram 12.958 votos na campanha da reeleição; os 2.996 votos de Girau do Ponciano (AL) subiram para 12.550 votos.


Os governantes mais amados pela população são aqueles que dão alguma coisa de graça aos pobres. Perón ainda é lembrado hoje pelas classes populares argentinas pelos seus programas assistenciais. Evita ia pessoalmente distribuir presentes de Natal aos "descamisados". Outras políticas peronistas deixaram o país na absoluta decadência em que se encontra hoje, mas os pobres ainda amam Perón e Evita. Também assim Chávez e Evo Morales: são bufões autoritários, não resta dúvida; mas as classes populares recebem seu quinhão e votam neles. Do mesmo modo, quem recebe bolsa-família vota em Lula. O que há aqui de diferente do velho coronelismo, da compra de votos por farinha? Não muita, na verdade. Mas por acaso há alguma outra solução? Não é de qualquer modo bom ajudar os mais necessitados?

Claro, devemos observar que a pobreza é sempre relativa, portanto sempre haverá pobres, isto é: sempre haverá aqueles que recebem mais e aqueles que recebem menos. Segundo dados do Censo Americano, nos EUA 80% dos considerados "pobres" tem carro, ar condicionado e DVD player. Mesmo no Brasil, grande parte dos "pobres" tem televisão, e sua capacidade aquisitiva aumentou muito desde o Plano Real, é fato. Mas, se a crise econômica afetar também o Brasil - como parece que está afetando - os beneficiados pelo bolsa-família não terão que ser ainda em maior número?
mr x

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