domingo, 10 de abril de 2011
REINALDO- MUITO BOM
Essa história de associar o “bullying” a assassinatos em massa ou algo assim é similar à sociologia barata que associa o crime à pobreza. Pode até haver uma certa correção? Pode! Mas relação de causa e efeito, bem, isso eu não creio. Assim como o pobre que vira bandido precisa tomar a decisão moral de fazê-lo (em oposição à esmagadora maioria de pobres que escolhem não ser), entendo que o “bullying” possa exacerbar alguma doença psíquica que o sujeito já tenha; pode ser um fator agravante, não determinante.
Por que escrevo isso tudo? Porque acredito que é preciso tomar certos cuidados. Na sociedade da hiper-informação, tudo circula. Não me aparece adequado fazer a seguinte relação: “causa: era discriminado pelos amigos - efeito: saiu matando”. Adolescentes vivem injuriados pelos mais diversos e, quase sempre, irrelevantes motivos. Essa narrativa da “vítima” que se vinga pode ser mal digerida por quase-crianças que não têm o devido discernimento, ainda que mentalmente saudáveis.
O bullying, em suma, não pode ser tratado, por um caminho perigosamente insuspeitado, como a explicação para o triunfo trágico da vítima. É preciso que fique claro que o assassino das crianças as matou porque tinha uma grave doença psíquica, não porque era alvo da chacota dos colegas. É preciso ficar bem claro que ninguém mata por isso.
Por Reinaldo Azevedo
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