Para alguns a indagação persiste: “O Exército de hoje é o mesmo de ontem”?
Sim, afirmarão os que pesquisaram a fundo a História da Evolução desta impoluta Instituição.
Aqueles que esmiuçaram a evolução do Exército Brasileiro, criado oficialmente em 1824, sabem que nenhuma entidade nasce capaz de estabelecer parâmetros e princípios a serem seguidos pelos seus integrantes com uma simples canetada.
O respeito, a admiração, a credibilidade, o acatamento às normas regulamentares são frutos de algo muito mais perene do que a criação de normas e regulamentos.
Os militares de hoje, como os de ontem, possuem a mesma convicção, não importando quem esteja no momento à sua frente, pois como tantos, eles e elas serão passageiros.
O que importa, afirmam os militares de escol, é a Instituição que possui um lastro, que construiu uma identidade maior até do que a imagem de seus maiores próceres.
Não importa que na atualidade, a Instituição cumpra tarefas, pois será um crime designá - las de missões, das mais esdrúxulas; sendo algumas, deploráveis, e procure atendê – las, da melhor forma possível.
Uma portentosa imagem, cuja belíssima moldura poderá ser enxovalhada, enodoada, mas por pouco tempo; pois logo, mudam – se os pintores, os pichadores, e os novos idealistas surgirão, naturalmente, para promover a limpeza certa.
Portanto, ao sabermos que diversos militares, de todos os níveis hierárquicos estão abandonando a carreira das armas, por falta de motivação, pelo salário miserável que recebem, ficamos tristes, mas esperançosos.
Pois a própria História nos ensina, que os desgovernos e chefes de agora serão figuras de triste memória, e farão parte da História do Exército Brasileiro, e os estudiosos e psicólogos sabem que a grandeza é fruto de bons e de maus momentos, e até os mais execráveis, conjuminam - se para forjar ainda mais a personalidade desta Instituição, que emergirá mais forte.
Sim, este é o mesmo Exército que em fins de 1866, após o fracasso aliado em Curupaiti, o Governo decidiu entregar a Caxias, em 19 de novembro, o comando das forças brasileiras em operações no Paraguai.
A Guerra entrara em período de estagnação. Caxias encontra a tropa em péssimas condições físicas e moralmente abatida, consumida pelas epidemias e pela carência em suprimentos básicos.
Os recrutas, com apenas três ou quatro meses de caserna, voluntários incorporados com dificuldade, formavam efetivos aquém do desejado e de precárias qualidades, pois os apelos do governo não tinham sensibilizado a mobilização popular necessária. Tal situação obrigou a incorporação de escravos, muitos selecionados por seus patrões por serem de má conduta, apresentados em troca de benesses ou dispensa de aparentados, contingentes que dificilmente poderiam tornar - se um exemplo de disciplina.
O Exército Brasileiro não apresentava as condições materiais e morais necessárias para empreender as operações exigidas para enfrentar um inimigo determinado, que ocupava posições vantajosas.
Após um período de reajustamento do dispositivo, reorganizadas e aprovisionadas as forças, bem como elaborados novos planos, é retomado o movimento ofensivo em julho de 1867: era a fase da Tomada de Humaitá à conquista de Assunção.
Assim, depois de prolongado período de paralisação, assume Caxias, reestruturando e recompondo o sistema militar, num grande esforço para refazer a capacidade combativa imprescindível para a conquista de Curupaiti e de Humaitá, principal reduto do sistema defensivo inimigo, e que detivera os aliados por cerca de dois anos.
A Tomada de Humaitá se concretiza em 25 de julho de 1868 e anima as forças para novas conquistas.
O resto, todos sabem, é uma Instituição com uma capacidade incrível de reerguer – se e de seguir em frente, como ocorreu com a gloriosa Força Expedicionária Brasileira, nos campos gelados da Itália, na II Guerra Mundial.
Em suma, é o mesmo Exército. Embora, surjam hoje os apelidos de “novo Exército”, de “novos enfoques”, de “novos pensamentos”, de “novos...”.
Brasília, DF, 16 de abril de 2012
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
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