terça-feira, 20 de setembro de 2011
GRITA, BRASIL
Milhares de pessoas foram às ruas no feriado de 7 de setembro protestar contra a corrupção. Ao contrário do que estamos acostumados a ver, não foi um evento com patrocínio de movimentos “sociais” mobilizados pela esquerda; estes aderiram ao constrangedor silêncio de quem parece satisfeito com as gordas verbas estatais. Desta vez, os grupos se organizaram de forma espontânea e apartidária pelas redes sociais. Nas palavras de uma revista, tratou-se do “despertar das consciências”.
A iniciativa merece apoio daqueles cansados de tanto descaso no uso do dinheiro público. Bilhões são desviados todo ano, políticos são pegos em flagrante, mas nada acontece. O ex-presidente Lula ajudou muito a criar este clima de anestesia geral, utilizando sua popularidade para proteger aliados corruptos. Parece que as pessoas estão finalmente acordando para o fato de que a letargia de hoje será paga com mais abusos amanhã.
Já era hora de as pessoas honestas, saturadas de tanto abuso dos governantes, partirem para alguma ação efetiva. A pressão popular é uma arma legítima em qualquer democracia. O ideal é que este movimento se mantenha blindado contra o oportunismo político. Desta forma ele ganha mais legitimidade, até porque o combate à corrupção é uma bandeira da sociedade contra o corporativismo político, não contra um partido específico.
A corrupção tem muitas causas, mas creio que duas merecem destaque: impunidade e concentração de poder. Quanto à impunidade, a arma mais eficaz talvez seja justamente a pressão popular, com passeatas de protesto. Lembremos que o “mensalão” ainda nem foi julgado e corre o risco de prescrever. Os brasileiros decentes não podem aceitar tanto escárnio!
Já quanto à concentração de poder, será preciso atuar no campo das idéias, com foco no longo prazo. A mentalidade predominante no país, que desconfia do livre mercado e deposita fé quase religiosa no governo, terá que mudar. Mas isso não ocorre num piscar de olhos. É preciso investir nas idéias, apostar no poder dos bons argumentos. Esta mudança cultural será crucial para a sustentabilidade de um modelo com menos corrupção
RODRIGO CONSTANTINO
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